A vitoriosa carreira de Mário Jorge Lobo Zagallo no futebol conta com a conquista da Copa do Mundo de 1970. Na ocasião, o então jovem técnico, com 38 anos, comandou a equipe até hoje considerada a melhor de todos os tempos.
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O reconhecimento ao time que conquistou o torneio realizado no México não se resume à imprensa do país. A definição da seleção brasileira de 1970 como a melhor da história conta com a validação por dois veículos de comunicação da Europa.
Em 2005, mais de 30 mil pessoas participaram da pesquisa organizada pela Radio Five Live, o braço radiofônico da rede britânica BBC. O resultado do levantamento — que reuniu seleções internacionais, clubes e até times de outros esportes — enalteceu o esquadrão treinado por Zagallo 35 anos antes.
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Detalhe: por se tratar de uma pesquisa organizada por uma emissora do Reino Unido, a maioria dos participantes foi britânica. Mesmo assim, a equipe que deu ao Brasil o tricampeonato mundial da Fifa superou o Liverpool de 1977 a 1981, o Real Madrid de 1956 a 1960 e a seleção inglesa de 1966, que ficaram em segundo, terceiro e quarto no levantamento, respectivamente.
“Mais de 30 mil pessoas participaram da escolha”, informou, na época da divulgação do resultado, o site da BBC. “Cada ouvinte podia optar por cinco equipes de uma lista de 32, selecionada por um painel de especialistas.”
Revista também reverencia o Brasil de 1970
Dois anos depois da pesquisa feita pela Radio Five Live, outro veículo de comunicação britânico reverenciou a seleção brasileira de futebol da Copa do Mundo de 1970. Para a revista WorldSoccer, o time treinado por Zagallo foi sim o melhor da história.
Na segunda posição, segundo a WorldSoccer, ficou a Hungria de 1953, do atacante Ferenc Puskás. Responsável pelo “carrossel”, a seleção holandesa de 1974, que perdeu a final da Copa do Mundo para a Alemanha Ocidental, acabou com a terceira colocação.
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A relação da WorldSoccer com a seleção brasileira de 1970 não ficou restrita a divulgação do conteúdo de 2007 sobre as melhores equipes da história do futebol mundial. Em artigo de Arthur James O’Dea publicado em abril de 2015, a revista britânica definiu a equipe do seguinte modo: “Quando o futebol transcendeu o esporte e virou arte”.
Zagallo: treinador da melhor seleção da história por acaso
Zagallo — que morreu na noite desta sexta-feira, 5, por falência múltipla dos órgãos, aos 92 anos — teve a missão de treinar a seleção brasileira na Copa do Mundo em cima da hora. O então técnico da equipe era João Saldanha que, dois meses e meio antes do torneio a ser realizado no México, entrou em rota de colisão com o então presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), João Havelange, e acabou demitido.
Em reportagem publicada em junho de 2020, o site do canal esportivo ESPN relembrou a conquista brasileira. Aproveitou para lembrar que Zagallo tornou-se técnico da “amarelinha” por acaso, não sendo a primeira escolha da CBD depois da demissão de Saldanha.
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“A demissão de João Saldanha foi em 16 de março de 1970, 78 dias antes da estreia na Copa”, informou a ESPN. “No mesmo dia, a CBD, do presidente João Havelange, entrevistou Otto Glória, que levara Portugal ao terceiro lugar em 1966, e Dino Sani, campeão mundial em 1958 e então à frente do Corinthians: ambos declinaram. O diretor de futebol da entidade, Antonio do Passo, e o médico Admildo Chirol se encontraram com Zagallo no Opalla do treinador, na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Vinte minutos de papo depois, a seleção tinha um novo técnico.”
Da conversa no Opalla ao troféu de campeão do mundo
Conversa de 20 minutos que fez Zagallo e a seleção brasileira da Copa do Mundo de 1970 entrarem para a história do esporte mundial. E com méritos próprios do então jovem treinador, que já havia conquistado o mundial pelo Brasil como jogador em duas oportunidades. O “Velho Lobo” era o ponta esquerda nos títulos de 1958 e 1962.
“Muito se fala que aquele era o ‘time de Saldanha’”, afirmou a ESPN, no conteúdo de 2020. “Sim, a base era a mesma, mas os jogadores são unânimes em apontar como Zagallo mudou o esquema tático, recuou Piazza para a zaga, escalou Everaldo na lateral, trouxe Rivellino para o meio-campo, achou espaço para Gérson e Jairzinho e ainda descobriu uma maneira de Pelé e Tostão atuarem lado a lado.”
Em entrevista à produtora Brasil Paralelo, Mauro Beting foi outro jornalista a reforçar: a seleção brasileira de 1970 foi a melhor da história do futebol. Na conversa, publicada em novembro de 2022, ele lembrou de como Saldanha — um “comunista confesso” que havia ido armado à concentração do Flamengo — foi demitido e de qual forma Zagallo passou a ser o treinador da equipe.
Time de Zagallo: reconhecimento internacional e nacional
Sob o comando de Zagallo, a seleção brasileira de 1970 fez história. Além do reconhecimento pela Radio Five Live e pela WordSoccer, o lendário time é até hoje lembrado pela imprensa esportiva nacional.
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“Para mim, foi [a melhor seleção brasileira da história]”, disse o jornalista Paulo Vinícius Coelho, o PVC, em entrevista ao jornal Extra. “Tinha a geração mais talentosa, taticamente estava à frente de seu tempo, ganhou todos os jogos e teve o melhor ataque.”
Hoje comentarista esportivo da Super Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, Gérson, o “canhotinha de ouro”, foi um dos 22 jogadores treinados por Zagallo na Copa do Mundo de 1970. Titular do meio de campo daquela equipe, ele destacou, também em entrevista ao Extra, que o time tinha qualidades.
“Das seleções campeãs do mundo, eu considero duas as melhores. A de 1958, pela parte técnica e a de 1970, pelo conjunto e entrosamento”, disse Gérson. “Essa seleção de 1970 teve a estrutura montada a partir de 68. Ela tinha, ao meu modo de ver, mais entrosamento entre os jogadores. Então, esses duas, foram as melhores campeãs do mundo.”
Félix; Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo e Gérson; Jairzinho, Pelé, Tostão e Rivellino. Esse foi o time base da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970. Com Zagallo de treinador, a equipe venceu os seis jogos que disputou. Foram 19 gols marcados e apenas sete sofridos. Na final, vitória por 4 a 1 sobre a Itália.
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