SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) Um vídeo da câmera de segurança de uma loja de tabaco, localizada na cidade de Beit Rima, na Cisjordânia, mostra um adolescente parado em uma praça. Ele é aparentemente baleado e cai no chão. Duas outras pessoas correm para ajudá-lo e também são atingidas. Momentos depois, três blindados israelenses se aproximam do grupo atingido. Eram três palestinos. Um deles, Osaid Rimawi, 17, morreu em decorrência dos ferimentos. Os outros dois, Nader Rimawi, 29, e Mohammed Rimawi, 25, sobreviveram, mas se somaram à estatística de palestinos que denunciam a violência dos soldados israelenses na Cisjordânia. Em entrevista à agência de notícias Associated Press, Mohammed disse que o grupo de amigos estavam reunidos no centro da cidade. De acordo com o Exército israelense, as tropas entraram na cidade palestina na madrugada de sexta-feira (5) para realizar uma operação contra terroristas. Segundo os militares, tiros foram disparados contra suspeitos de terrorismo que, em resposta, teriam lançado explosivos e coquetéis molotov. Ainda na versão de um porta-voz militar de Israel, os soldados relataram que um dos palestinos que aparece agachado na imagem estava acendendo um coquetel molotov quando foi baleado. Não há outros elementos que comprovem essa versão, e o ângulo das câmeras que registraram o ocorrido não permite identificar exatamente o que aconteceu. O que as imagens mostram, porém, é que o primeiro tiro acerta não o palestino que estava agachado -Osaid-, mas um dos que estavam em pé -Nader-, que foi baleado na perna. Segundo ele, o objeto ao qual o porta-voz militar israelense se referiu é uma pilha de caixas de papelão e pedaços de papel que Osaid havia reunido e estava preparando para acender e mantê-los aquecidos. Questionado pela agência americana, o Exército de Israel não respondeu se os soldados haviam violado a diretriz militar e não disse se haveria uma investigação oficial sobre o caso. O episódio reforça uma tendência que os palestinos dizem ter piorado desde o início da guerra Israel-Hamas, em 7 de outubro. Houve um aumento do registro de ataques contra palestinos na Cisjordânia, tanto por parte de colonos israelenses quanto em ações militares do Exército. Segundo a B’Tselem, organização israelense de direitos humanos, ainda que os ataques sejam filmados e investigados pelos militares, eles raramente resultam em indiciamentos. Grupos de direitos humanos apontaram anteriormente casos em que soldados iniciaram ataques sem que suas vidas estivessem em perigo, o que configuraria uma violação das regras da guerra. Na maioria dos casos, as vítimas são palestinas, mas houve episódios em que israelenses também foram alvos. Em dezembro, três israelenses feitos reféns pelo Hamas foram mortos por engano por soldados de Israel. Investigações posteriores constataram que os três homens agitavam bandeiras brancas e pediam ajuda gritando em hebraico quando foram baleados. Segundo autoridades de saúde locais, 340 palestinos foram mortos nos três meses desde que militantes do Hamas atacaram o sul de Israel e mataram cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis. Desde então, mais de 23 mil palestinos morreram em decorrência da resposta israelense em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo grupo terrorista.
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