CAMILA ZARUR
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
Torcedores, ex-jogadores e dirigentes foram à sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no domingo (7), no Rio de Janeiro, prestar homenagens a Zagallo. Foi aberto ao público o velório do tetracampeão do mundo, que morreu na noite de sexta-feira (5), aos 92 anos. Depois, houve cortejo em direção ao cemitério São João Batista.
As portas da CBF se abriram às 9h30 para o início da cerimônia, realizada no museu da seleção brasileira. O corpo do jogador e treinador ficou posicionado ao lado de uma estátua de cera erguida para representá-lo e de taças que simbolizam as cinco conquistas do Brasil na Copa do Mundo.
Zagallo participou de quatro delas. Ponta-esquerda em 1958 e 1962, treinador em 1970 e auxiliar técnico em 1994, o alagoano criado no Rio recebe tributos, desde a madrugada de sábado (6), quando houve a confirmação da morte, e é valorizado por sua enorme contribuição ao futebol.
Não foi diferente no domingo. Após o período de presença do público, houve uma missa, na própria sede da CBF, na Barra da Tijuca, restrita a familiares e amigos. Em seguida, às 15h40, o corpo partiu em um caminhão do Corpo de Bombeiros e foi levado ao cemitério São João Batista, em Botafogo.
O caminhão saiu aplaudido, com gritos de “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. O caixão estava envolvido em bandeiras do Brasil.
“Eu só tenho que agradecer ao povo brasileiro pelo carinho, por tudo o que tem sido feito nesta despedida”, disse Paulo Zagallo, o Zagallinho, um dos quatro filhos do jogador. Segundo ele, apesar da debilidade física, o pai se manteve lúcido até o último dia.
Um dos primeiros que apareceram no velório foi o ex-jogador Zinho, peça importante na conquista do Mundial de 1994. Ele recordou as contribuições de Zagallo para a conquista do tetra e o sentimento que o então auxiliar procurava passar ao grupo.
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“Ele me ensinou a amar a seleção brasileira. Falava ‘é um orgulho e um privilégio vestir a amarelinha’, como se referia à camisa da seleção. Nunca vi um cara tão apaixonado pela seleção brasileira, por um país, por um povo. Ele nos ensinou isso em 1994”, afirmou o ex-meia.
Também apareceu para prestar seus respeitos o velho parceiro Carlos Alberto Parreira, técnico daquele time de 1994, auxiliado por Zagallo, de quem foi preparador físico em 1970. Outros representantes da equipe tetracampeã nos Estados Unidos foram Jorginho, Cafu, Mauro Silva e Bebeto.
“Acho que em toda a minha história como jogador de futebol, e também como homem, sem dúvida nenhuma, ele foi minha referência. Ele é o meu segundo pai. Quando eu cheguei [ao velório], não tinha nem condição de falar. É um cara excepcional, eu acho que transcende o futebol”, disse Bebeto.
Estiveram ainda na cerimônia de despedida dirigentes de diversas federações e clubes. E figuras históricas do futebol brasileiro, como o artilheiro Reinaldo, que foi como representante do Atlético Mineiro. Tite, técnico do Flamengo, também marcou presença, algo que nenhum jogador em atividade fez.
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Outras pessoas mandaram coroas de flores, que encheram o corredor que levava até a sala onde estava o corpo de Zagallo. Elas foram enviadas por entidades como o COB (Comitê Olímpico do Brasil) e por personalidades como presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-jogador Ronaldo.
Atual presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues repetiu palavras elogiosas a Zagallo. Ele preferiu não falar sobre o cargo vago de treinador da seleção, após a demissão de Fernando Diniz, mas observou que não seria ruim ter alguém com as características do comandante do tri à disposição.
“É um exemplo para o mundo inteiro de otimismo, de determinação, de transparência e de dignidade. Qualquer um que venha a ser o treinador da seleção brasileira conhece o legado do Zagallo”, disse, com uma missão dura. “É só repetir as conquistas dele”, brincou.
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