Neste 1º de maio, é impossível falar em justiça sem reconhecer o peso que recai sobre os ombros das mulheres que sustentam o Brasil com trabalho, resiliência e invisibilidade. Elas ainda são maioria entre os desempregados, as mais afetadas pela informalidade e frequentemente as primeiras a serem descartadas diante da crise. Continuam ganhando menos mesmo quando exercem as mesmas funções. São silenciadas diante do assédio. E ainda precisam escolher entre trabalhar ou cuidar dos filhos porque o Estado não oferece estrutura nem acolhimento.
No Instituto Mulheres em Ação essa realidade é vivida todos os dias. Mulheres que chegam buscando um curso profissionalizante, uma orientação jurídica ou simplesmente a chance de serem ouvidas. Mães solo, chefes de família, jovens excluídas do mercado e profissionais qualificadas ignoradas por um sistema que não as enxerga. Cada uma com sua história, mas todas com o mesmo desejo de garantir dignidade por meio do trabalho.
Não existe justiça social enquanto for aceitável demitir uma mulher grávida, negar oportunidades a quem cuida dos filhos sozinha ou ignorar o assédio moral e sexual dentro do ambiente de trabalho. A igualdade de gênero ainda é uma promessa não cumprida no mundo do trabalho. E essa omissão tem custo humano altíssimo.
Neste Dia do Trabalhador é preciso lembrar que oferecer trabalho digno às mulheres não é gentileza. É dever constitucional. É responsabilidade coletiva. É caminho para um Brasil mais justo. E enquanto o trabalho feminino seguir sendo precarizado, invisível ou desvalorizado, a luta não pode parar.
No Instituto Mulheres em Ação seguimos firmes nessa missão. Capacitar, acolher, orientar e fortalecer mulheres é uma forma concreta de promover justiça. Porque sem mulher respeitada não há sociedade desenvolvida. E sem trabalho digno para todas não existe liberdade para ninguém.
Renato Rocha, advogado e presidente do Instituto Mulheres em Ação