O piloto Cassiano Tete Teodoro, do helicóptero que desapareceu com outras três pessoas no litoral de São Paulo, fez um pouso de emergência há quatro anos na laje de um edifício comercial na avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona oeste de São Paulo.
Na ocasião, ninguém se feriu, mas a aeronave teve danos significativos.
No domingo 30, Teodoro, de 44 anos, partiu do Campo de Marte, na capital paulista, com o helicóptero em direção à Ilhabela (SP). Ele transportava Luciana Marley Rodzewics Santos, de 46 anos, a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, 20 anos, e Rafael Torres, amigo da família.
O piloto perdeu contato com a torre a caminho do litoral norte de São Paulo.
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Piloto faz pouso de emergência de helicóptero na Faria Lima
O pouso de emergência realizado em um prédio comercial na Faria Lima aconteceu no dia 16 de janeiro de 2020. A aterrisagem foi feita em um local sem heliponto.
O caso foi investigado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que concluiu que o helicóptero havia decolado com peso superior à capacidade máxima.
De acordo com o relatório, a aeronave tinha 1.123 quilos durante a decolagem. O peso máximo do modelo, um Robinson 44 – o mesmo que está desaparecido no litoral de São Paulo –, é de 1.089 quilos. Na ocasião, o helicóptero estava 34 quilos acima do máximo previsto.
“Afere-se que a aeronave estava fora dos limites para esta operação”, afirma um trecho do relatório.
O Cenipa disse que não foi possível constatar a experiência de Teodoro, já que não foram encontrados registros de horas de voo na Caderneta Individual de Voo (CIV) do tripulante.
Segundo o órgão, todo piloto deve registrar as horas de voo. O relatório também ressaltou que o diário de bordo da aeronave não foi apresentado, o que “inviabilizou o levantamento das horas voadas após as intervenções de manutenção”.
O caso do pouso de emergência na avenida Faria Lima foi citado na cassação da licença de Teodoro pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Licença cassada por dois anos
Antes do episódio na Faria Lima, o piloto chegou a ser pego em flagrante em uma ação de fiscalização no aeroporto Campo de Marte, em 2019, no qual chegou a jogar o helicóptero que comandava contra um servidor da Anac.
Em setembro de 2021, a diretoria da Anac cassou a habilitação de Teodoro. O órgão afirmou que houve caso de conduta grave de fraude por parte do piloto. A irregularidade resultou a pena de cassação.
Quando cassado, o piloto fica dois anos sem histórico na aviação, tendo que refazer todos os cursos formativos. Dessa forma, ele perde o registro de voo e precisa começar do zero para retomar a licença.
A cassação de Teodoro chegou ao fim em outubro de 2023, mês que ele fez os cursos necessários, pediu nova licença e foi contemplado com uma nova autorização para voar.
Mesmo com a permissão para voar, Teodoro não tem autorização para fazer voo remunerado, que seria o táxi aéreo, que no caso dele, é classificado como Transporte Aéreo Clandestino (TACA).
Defesa de Teodoro
Em nota, a advogada do piloto, Érica Zandoná, disse que, em relação ao processo ao qual apurou irregularidade em 2019 e acabou com a cassação da licença do piloto, houve uma confusão, na qual Teodoro não conseguiu identificar o agente.
A advogada afirmou que os agentes estavam sem colete da Anac, dificultando que fossem visualizados pelo piloto.
Érica ressaltou que “o surgimento de pessoas na pista, depois do acionamento da aeronave, sobressaltou o piloto, pelo temor de acidente, motivo pelo qual achou por bem optar pela decolagem”.
A advogada alegou que somente depois ele descobriu que eram servidores da agência reguladora Anac que estavam no local em cumprimento à ação de fiscalização.
Teodoro foi acusado de desobedecer a ordem de detenção para inspeção de rampa e o caso foi classificado como fuga da fiscalização pela Anac.
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