A indústria cafeeira brasileira planeja ampliar a exportação do produto final, que ainda tem patamares tímidos se comparado ao volume que é cultivado no país.
O Brasil é o maior produtor mundial do grão. É também o líder global na exportação do grão verde, que é industrializado —torrado, moído e embalado— por empresas no exterior.
A Alemanha, por exemplo, é o segundo maior comprador de café do mundo. Isto porque a indústria alemã adquire os grãos verdes —sobretudo do Brasil—, industrializa-os e vende-os para diversos países.
A ideia da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) é que agora o país conquiste mais espaço neste mercado internacional de café já industrializado, isto é, pronto para consumo.
A questão foi mencionada pelo presidente da entidade, Pavel Cardoso, em discurso de abertura do 29º Encontro Nacional da Indústria de Café (Encafé), que reuniu alguns dos principais empresários do setor no município de Barra de Santo Antônio, litoral norte de Alagoas, em novembro.
Ao Café na Prensa, Cardoso disse que este deve ser um dos focos da gestão nos próximos anos.
Ele afirma que, embora o Brasil seja o maior produtor mundial de café, com cerca de 40% do que é cultivado em todo o mundo, o país responde por apenas 16% do comércio global.
Cardoso diz que o setor está unido para desenvolver uma estratégia de promoção do café brasileiro. A Abic tenta congregar várias entidades, como o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), a fim de intensificar essa divulgação no exterior.
Entre as iniciativas planejadas está até uma ação de marketing durante os Jogos Olímpicos de Paris, mas os detalhes desse projeto ainda estão sendo desenvolvidos.
O Cecafé deve ainda intensificar campanhas que já vinha realizando na China, país cujo consumo de café tem crescido exponencialmente.
Os exportadores brasileiros veem um grande potencial no mercado chinês. O Cecafé chegou a idealizar o Mês do Café Brasileiro, campanha feita em parceria com a embaixada do Brasil em Pequim e a rede de cafeterias Mellower Coffee.
O case da Colômbia é apontado como exemplo. Apesar de ter uma produção muito menor do que a do Brasil, o país conseguiu criar uma imagem internacional de excelência do seu café.
Agora, a indústria brasileira tenta levar para o mundo a mensagem de que o Brasil não tem apenas quantidade, mas também qualidade.
De fato, o Brasil sempre foi visto internacionalmente como produtor de café commodity –de qualidade inferior–, e não de bebidas sensorialmente complexas –fama que acabava ficando com Colômbia e Etiópia, por exemplo.
A realidade, no entanto, vem mudando. Atualmente, o Brasil tem um cultivo enorme de cafés especiais com elevadas pontuações na escala de avaliação sensorial da SCA (Specialty Coffee Association), considerado o principal padrão de verificação de qualidade do setor.
O jornalista viajou a convite da Abic.
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