
São Paulo, Brasil
Entre abril e outubro há seis meses.
Tempo suficiente para inúmeras mudanças na vida.
Ainda mais no futebol.
Em abril, Neymar não havia renovado seu contrato com o PSG. Não havia a menor ideia que Messi jogaria ao seu lado em Paris. Outra vez ele estava no olho do furacão na França, pelo fraco rendimento na segunda partida contra o Bayern, apesar da classificação do PSG para a semifinal da Champions. Tudo iria ficar pior diante do Manchester City, time que eliminaria a equipe francesa e mais ataques da imprensa europeia ao fraco futebol do brasileiro.
Tite, no quarto mês do ano, ainda se mostrava perdido em relação à Seleção do meio para o ataque. E divulgava a lista dos jogadores que disputariam a Copa América. Não havia o menor entusiasmo com o time, que perderia a competição, em pleno Maracanã, para a Argentina.
Ele renovou seu contrato até 2025 com o PSG. Dando a prioridade para ficar até 2026. Usou sua influência para o clube contratar Messi. Mbappé não foi para o Real Madrid e o clube francês tem o time mais forte de sua história.
O Brasil passeia nas Eliminatórias, já classificado para o Mundial do Catar. Surge Raphinha, jogador mais do que talentoso, diferenciado, e com capacidade de dividir a enorme responsabilidade de Neymar na Seleção.
O momento atual é completamente diferente de abril.
E por que destacar tanto abril?
Por um simples motivo. A assessoria de imprensa de Neymar fez questão de revelar que a famosa entrevista, na qual ele disse estar pensando que a Copa do Catar pode ser a sua última e deixa até uma suspeita que poderia abandonar o futebol, foi feita há seis meses.
As palavras foram duras. E tiveram repercussão imediata.
“Acho que é minha última Copa do Mundo, encaro como minha última, porque… Eu não sei se terei mais condição de cabeça de aguentar mais futebol.
“Farei de tudo pra chegar muito bem, para ganhar com meu país, realizar meu maior sonho desde pequeno e espero conseguir.”
Ele também citava, de acordo com a assessoria do jogador, momentos antes, a sua contusão e desilusão no Mundial de 2014. E a declaração teria sido tirada do contexto da conversa, despertando reações absolutamente equivocadas.
A entrevista foi divulgada pela DAZN, emissora de streaming, que o contratou em 2019, como embaixador, apenas na semana passada. Ou seja, Neymar havia falado em tom de despedida de futebol há seis meses.

Como a entrevista exclusiva, a DAZN decidiu trazê-la a público de acordo com sua estratégia de marketing.
Só que acabou trazendo enormes problemas para Neymar. O principal deles, uma cobrança forte do executivo do PSG, o ex-jogador da Seleção Brasileira, Leonardo, com quem ele já não se dá bem.
Leonardo quis saber se o que ele havia falado era para valer. E quis saber, se ele não aguentava mais o futebol, porque renovou contrato, recebendo R$ 180 milhões por ano, no mínimo, com o PSG até 2025. O jogador esclareceu que havia feito um desabafo há seis meses e tudo havia mudado. O contrato seria cumprido com todo empenho.
A revelação que a entrevista foi em abril também derrubou inúmeras teses. Entre elas a que Neymar havia decidido seguir o exemplo de Simone Biles, principal nome da Olimpíada de Tóquio. A ginasta revelou que não competiria individualmente devido à sua saúde mental afetada.
Uma enorme bobagem.
Outros diziam que era a sua resposta, pela críticas pela barriga saliente, com a qual voltou das férias no PSG.
Outra afirmação sem sentido, porque retornou ao clube francês em agosto.

Foi essa confusão que fez o comentarista da Globo, Caio Ribeiro, passar um vexame. Ele revelou ter ido conversar com Neymar.
“Você (Neymar) vai ficar chateado, pode não gostar, só que um dia você talvez dê importância. Você tá errado nisso, nisso e nisso… E isso vai te prejudicar. Estou do outro lado, sei como funciona a cabeça da imprensa. Cuidado”, disse Caio.
A resposta de Neymar, diante da preocupação do comentarista da Globo.
“Beleza…”
Ou seja, a divulgação da entrevista feita seis meses atrás provocou reações absurdas. Que não correspondem com o momento atual de Neymar.
E até o expôs ainda mais no PSG.
Fez com que a torcida do clube, que já não o idolatra como antes, ficasse ainda mais desconfiada de sua motivação em continuar em Paris, apesar de ter antecipado a renovação de contrato que teminaria em 2022. E garantido ficar até 2025.
Neymar tem mais de 30 funcionários que cuidam de sua imagem.
Tem seu pai, que é seu empresário.
Que sirva de lição ao seu estafe.
Quando ele der uma entrevista, que saiba quando será divulgada.
É o mínimo que se espera de um jogador midiático, tão importante.

O veículo que divulgue quando achar melhor.
Mas o atleta tem a obrigação de saber quando suas palavras serão públicas.
O que aconteceu no domingo passado foi absurdo.
Completamente amador.
A semana toda o mundo comentou o que ele vivia há seis meses.
Neymar, às vésperas de completar 30 anos, que tome as rédeas de sua carreira.
Ou cobre com sabedoria dos seus funcionários…