O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne nesta quinta-feira (29) com o presidente da Guiana, Irfaan Ali. No encontro, eles devem discutir a crise entre Guiana e Venezuela pelo território de Essequibo, disputado pelos dois países.
Depois da reunião, Lula segue viagem para São Vicente e Granadinas, onde participará da abertura da 8ª cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
O impasse pelo domínio do território de Essequibo se agravou depois que a Venezuela celebrou, em 3 de dezembro do ano passado, um referendo no qual mais de 95% dos participantes aprovaram a criação de uma província em Essequibo, um território que representa dois terços da Guiana, e dar nacionalidade venezuelana aos 125 mil habitantes da zona em disputa. Após a consulta, o ditador venezuelano Nicolás Maduro anunciou a concessão de licenças para extrair petróleo em Essequibo.
No fim de 2023, diante da iminência de uma guerra, o governo brasileiro chegou a reforçar a presença das tropas militares em Roraima. No entanto, Nicolás Maduro e Irfaan Ali se encotraram em dezembro e fizeram um acordo no qual descartaram o uso da força.
No início deste ano, foi realizada uma rodada de diálogo em Brasília, por meio do chanceler Mauro Vieira e com auxílio dos governos de São Vicente e Granadinas — que preside a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) — e de Dominica, que preside a Caricom (Comunidade do Caribe). Os três países têm atuado como principais interlocutores, desde o início da crise, na busca de uma solução pacífica.
Na quarta-feira (28), o ministério das Relações Exteriores avaliou que a disputa entre os dois países “não é um problema simples”, mas que o Brasil conseguiu que as duas nações sentassem à mesa e iniciassem o diálogo.
“Por enquanto, a gente não resolveu o problema. Não é um problema simples, mas conseguimos que os países se sentassem e começassem um diálogo, que não é curto, não é simples, mas começou”, afirmou a embaixadora Gisela Padovan, que atua como secretária de América Latina do Itamaraty. Questionada sobre o papel brasileiro na mediação da crise, Padovan destacou a neutralidade do governo e a busca por uma solução negociada.
“O Brasil não se manifesta a respeito do cerne da questão entre Guiana e Venezuela porque não nos compete. O que nos compete é facilitar o diálogo. A nossa posição se baseia em defender que o problema e a solução são uma questão bilateral, de respeito aos tratados internacionais, que é base da nossa Constituição”, disse.