Há dois anos, a família Satoru nem sonhava com a proporção que um joguinho de videogame online poderia provocar. O pai era dono de uma construtora, a mãe era proprietária de uma confeitaria e o filho, como muitos outros da mesma idade, se divertia nas horas vagas em frente a telas.
No entanto, aquilo que começou como lazer se tornou o grande ganha pão da família, e o menino Victor Hugo, de apenas 10 anos de idade, virou o Zenon, fenômeno dos mundos dos games que soma mais de 1 milhão de seguidores em suas redes sociais, além de ser criador da Sneakers, uma rede de apoio a influenciadores e jogadores.
O amor pelo videogame não surgiu por acaso. Rodrigo Satoru, pai de Zenon, é um apaixonado por games e, ao contrário do que muitos pais e irmãos mais velhos fazem, quando o menino começou a querer jogar também, ele não deu um controle desligado para a criança pensar que estava jogando, e sim incentivou o filho, que logo pegou gosto pela coisa. Nessa época, o Fortnite ainda não existia, então foi no Battlefield 4, famoso jogo de tiro em primeira pessoa, que tudo começou.
“Ele começou jogando o Modo História, mas quando eu vi ele já tava jogando bem pra caramba. Em cerca de dois meses, ele, com quatro para cinco anos, já tava jogando melhor do que eu. Pensei: ‘Cara, esse garoto literalmente tem um dom’”, lembrou o pai.
E como a maioria dos papais coruja, Satoru logo começou a gravar o filho jogando, mas no início era para ter de recordação. “Eu postei um vídeo do meu filho jogando num grupo de Facebook do jogo e os caras começaram a falar para eu criar um canal. Mas eu nunca imaginei que iria chegar ao nível que ele está hoje”, disse Satoru.
O lazer que virou uma carreira
Dois anos depois do primeiro contato com o videogame, o menino Victor Hugo deu uma pausa na jogatina online. Mas, foi novamente pelo pai que ele voltou a se apaixonar pelos games, mais especificamente o Fortnite, jogo que mudaria a vida da família.
Ao contrário de outros pais, que vêem o videogame como algo prejudicial, Rodrigo Satoru passou a incentivar cada vez mais o filho. O pai, inclusive, montou uma mesa específica para o menino jogar, mas, ainda sim, o sucesso não veio de imediato.
“A gente tinha tipo, duas pessoas assistindo, mas toda vez que eu chegava do trabalho eu abria uma live, já que a gente estava jogando mesmo. Foi questão de persistência. Aí, mais ou menos uns dois anos atrás ele conseguiu cerca de 50 mil inscritos no YouTube, aí pensei: ‘cara, dá para levar isso aqui para uma carreira”, relembrou.
Uma carreira que deu lugar ao lazer
Rodrigo Satoru não pensava em largar o emprego, mas tudo mudou em março de 2020, quando o mundo conheceu a pandemia do novo coronavírus.
“Eu não podia trabalhar e realmente a única coisa que eu tinha para fazer era live com ele, e foi justo nessa época que ele estourou. A gente batia às vezes 4,5 mil pessoas assistindo ao vivo. Ali eu já pensei que teria uma hora que não conseguiria lidar com as duas coisas ao mesmo tempo, e em fevereiro desse ano eu encerrei todas as minhas atividades na minha empresa para poder focar só nele”, contou o pai.
No entanto, apesar das horas dedicadas ao videogame, Satoru não deixa o filho bobear na escola. “Eu sempre apoiei ele, é um mercado que ele realmente pode fazer disso uma profissão. Mas, meu combinado com ele é o seguinte: Eu não vou perturbar ele, ele pode jogar a hora que ele quiser, contanto que ele tire no mínimo 8 na escola”, ressaltou.
“A gente tem um contrato com o Facebook e temos que entregar 120 horas de live por mês. Eu faço live na parte da manhã para deixar ele mais folgado, para não sobrecarregá-lo. Eu penso que, por mais que ele seja um criador de conteúdo, isso tem que ser uma brincadeira. Ele simplesmente brinca enquanto eu gravo, não pode tem que ser um peso para ele”, completou o pai.