Segundo a pesquisa Panorama da Saúde Mental, divulgada em janeiro de 2024, metade das pessoas que responderam o questionário de saúde mental afirmaram que estão se sentindo para baixo ou “deprimido”. Além disso, 54% apontaram que sentem pouco interesse ou prazer em fazer as coisas. No mês de conscientização da saúde mental e emocional, conhecido como Janeiro branco, o endocrinologista Flávio Cadegiani alerta sobre a importância de fortalecer o cuidado com a população brasileira.
O especialista informa que diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento de doenças mentais, entre eles, as alterações hormonais. De acordo com ele, os hormônios atuam diretamente no cérebro, modificando a conexão entre os neurônios e a produção de serotonina, dopamina e de noradrenalina, neurotransmissores que são comunicadores entre os neurônios do cérebro.
Flávio aponta que a baixa testosterona, principal hormônio sexual masculino, pode desencadear depressão. Já o principal hormônio sexual feminino, o estradiol, pode levar mulheres a sofrerem com sintomas depressivos, fadiga e ansiedade.
“As principais práticas que aumentam a desregulação hormonal, são as práticas que desregulam o metabolismo, que levam a disfunções metabólicas como diabetes tipo 2, obesidade, problemas de colesterol”, informa.
O endocrinologista destaca a importância de evitar a automedicação na reposição hormonal. O uso inadequado de hormônios pode desencadear alterações que resultarão em diversos problemas de saúde.
Vera Lúcia, de 60 anos, relembra que começou a fazer reposição hormonal por volta de 52 anos, quando entrou na menopausa, após retirar o útero devido a presença de um mioma uterino.
“Começou libido zero, eu estava em uma relação e não conseguia que meu marido chegasse perto de mim. Vinha um calor subindo no pé da barriga até a cabeça, eu começava a suar e não tinha nada que fizesse isso parar. Minha relação acabou por causa disso [menopausa]”, recorda.
Na época, Vera explica que morava na Itália, e procurou por tratamentos de remédios naturais no país, já que os médicos não eram favoráveis à reposição hormonal. Quando ela voltou para Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, realizou exames que mostraram que estava apta para realizar a reposição hormonal.
“No outro dia, quando comecei a fazer reposição de estradiol, eu já estava me sentindo bem. Eu tenho uma vida normal, agora tudo voltou ao normal, meu cabelo parou de cair, eu me sinto super bem”, afirma.
Vera destaca que, apesar de não ter desenvolvido uma doença mental, passar por isso pode prejudicar significativamente a saúde emocional de outras mulheres.
Prevenção de alterações hormonais
O endocrinologista informa que a mudança de estilo de vida é um dos principais fatores de melhoria no balanço hormonal, como a prática da musculação, que aumenta os níveis de testosterona.
“Um bom consumo alimentar também regula os níveis de insulina. Quando ela deixa de ficar uma montanha russa, por grandes incursões de açúcar, o corpo responde a movimentos de insulina — e você acaba também regulando todos os demais hormônios”, completa.