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segunda-feira, novembro 25, 2024

Ricardo Guilherme Dicke, o escritor mítico admirado por Glauber Rocha e Guimarães Rosa, tem sua obra-prima relançada

Ricardo Guilherme Dicke nasceu em 1936 em Raizama, um distrito situado na Chapada dos Guimarães, e morreu em 2008 em Cuiabá. Ele foi uma figura marcante no universo literário do Brasil. Sua vida foi uma jornada enriquecida por um ambiente familiar diversificado e uma intensa paixão pelas letras e pela reflexão filosófica.

Ricardo Guilherme Dicke
Madona dos Páramos, de Ricardo Guilherme (Record)

Filho de um alemão e de uma brasileira, Dicke cresceu imerso nas culturas de ambos os países. A mudança para Cuiabá aos cinco anos marcou o início de seu desenvolvimento literário, que mais tarde floresceria significativamente. Adulto, aos 29 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, dedicou-se ao estudo da filosofia, com ênfase em Merleau-Ponty e na filosofia da arte, influências que marcariam profundamente seus escritos.

Seus primeiros passos na literatura, na década de 1960, foram notados por publicações que rapidamente capturaram a atenção dos círculos literários brasileiros. Seu livro “Caminhos de Sol e de Lua” marcou o início de sua carreira literária, caracterizada por inovação e perspicácia intelectual. Em 1968, “O Deus de Caim” consolidou seu nome no cenário literário nacional.

A versatilidade de Dicke também se manifestou em sua experiência com o jornalismo, trabalhando como revisor no jornal “O Globo” de 1973 a 1975. Posteriormente, em Cuiabá, manteve seu compromisso com a escrita e o ensino, contribuindo significativamente para a literatura regional.

Embora sua obra não tenha recebido amplo reconhecimento em vida, foi celebrada por figuras proeminentes como Glauber Rocha, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e Hilda Hilst. Hilst, em particular, via Dicke como um pilar da literatura nacional, destacando a profundidade e a relevância de seu trabalho.

Dentre suas obras literárias mais notáveis estão “Como o Silêncio” (1968), “Caieira” (1978), “Madona dos Páramos” (1981) e “A Chave do Abismo” (1986), que demonstram sua habilidade em explorar temas variados com um estilo único. Dicke também se aventurou nos campos da filosofia e da arte em livros como “Conjunctio Oppositorum no Grande Sertão” (2002) e “Toada do Esquecimento & Sinfonia Equestre” (2006). “A Proximidade do Mar e a Ilha”, “O Velho Moço e Outros Contos”, “Cerimônias do Sertão” e “Os Semelhantes” foram publicados postumamente em 2011.

Ricardo Guilherme Dicke permanece um reflexo da diversidade cultural e da tradição literária brasileira, com seu legado continuando a influenciar escritores e artistas, marcando indelevelmente a literatura do Brasil.

Madona dos Páramos

 “Madona dos Páramos”, volta ao cenário literário brasileiro pela editora Record, quarenta anos após sua primeira publicação em 1982 e dezesseis anos após a morte do autor. O romance narra a jornada de doze foragidos pelo sertão do centro-oeste brasileiro, uma região pouco explorada na literatura nacional, em busca da mítica terra da Figueira-Mãe. Dentre eles, destaca-se a figura de uma mulher anônima, sequestrada de sua família e objeto de desejo de todos. A trama se desenvolve em meio aos desafios do clima árido e da geografia inóspita, que refletem as personalidades complexas dos personagens.

Fonte: R7 – Cinema

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