(FOLHAPRESS) – Apontado como principal líder da maior milícia do Rio de Janeiro, Luis Antonio da Silva Braga está preso em uma unidade de segurança máxima do estado. Isolado, tem como vizinhos de cela outros 11 detentos -a lista inclui oito pessoas suspeitas de integrar seu grupo criminoso e um representante de uma facção rival, além de dois suspeitos de atuarem como matadores de aluguel.
Zinho, como Braga é mais conhecido, foi preso na véspera de Natal ao se entregar na Superintendência da Polícia Federal, na região portuária do Rio. De acordo com um agente penitenciário, ele está em silêncio e não respondeu a chamados dos outros presos, que ficam isolados em suas celas.
Agentes também afirmaram que, quando Zinho foi preso, houve comemorações em Bangu 9, unidade na qual estão detidos milicianos de grupos rivais.
Na mesma ala na qual está Zinho também estão Leonardo Gouvêa da Silva e Leandro Gouvêa da Silva, conhecidos respectivamente como Mad e Tonhão. Ambos foram condenados por integrar o chamado Escritório do Crime, grupo de matadores de aluguel que atuava principalmente para contraventores, de acordo com a Justiça.
Em agosto, os irmãos foram condenados a 13 anos e quatro meses de prisão por organização criminosa. As investigações apontaram a participação deles em ao menos três homicídios.
Segundo a Justiça, Mad assumiu o comando do Escritório do Crime em fevereiro de 2019, depois da morte do antigo líder do grupo, o ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) Adriano Magalhães da Nóbrega.
Na época do processo, a defesa negou a participação dos irmãos nos homicídios e disse que não havia provas de que eles participavam do grupo. Os advogados afirmaram também que as investigações “foram dirigidas a partir de informações de bastidores”.
Também preso ao lado de Zinho está Taillon Alcântara Pereira Barbosa, condenado a oito anos e quatro meses de prisão por organização criminosa.
Segundo a polícia, Taillon era o alvo de traficantes que mataram por engano três médicos em um quiosque de praia na Barra da Tijuca, no dia 5 de outubro. Um quarto médico ficou ferido na ação criminosa.
A suspeita é que o ortopedista Perseu Ribeiro Almeida, 33, tenha sido identificado incorretamente pelos assassinos como sendo o miliciano. A reportagem não localizou a defesa de Taillon.
Entre os presos na mesma galeria está, ainda, André Costa Barros, o André Boto, detido neste ano depois de dar início a uma disputa contra o próprio Zinho. Segundo as investigações, o conflito deixou 69 mortos na zona oeste do Rio nos primeiros cinco meses de 2023.
André chegou a fazer uma harmonização facial para escapar da polícia, mas acabou preso. Dissidente da quadrilha de Zinho, de acordo com a polícia, ele teria feito alianças com traficantes do TCP (Terceiro Comando Puro) para se fortalecer na zona oeste. Em julho, sua defesa pediu relaxamento de prisão, afirmando prazo excessivo na prisão preventiva, mas a Justiça negou.
Nesta terça (26), a Justiça manteve a prisão de Zinho. A justificativa foi a de que o preso é de “elevadíssima periculosidade”.
Advogada de Zinho, Leonella Vieira nega que ele seja chefe da milícia. Em nota enviada à Folha de S.Paulo em outubro, ela afirmou que as denúncias “repousam em mera construção dedutiva do Ministério Púbico deste estado [RJ], o qual fundamenta uma presunção de envolvimento devido ao laço de consanguinidade que unia o mesmo aos conjecturados líderes anteriores”.
De acordo com as investigações, Zinho assumiu o comando do grupo em 2021, após a morte de seu irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko. Antes, o líder era outro irmão, Carlos da Silva Braga, conhecido como CL ou Carlinhos Três Pontes. Ambos foram mortos pela polícia.
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