A Justiça russa condenou ontem a 27 anos de prisão Daria Trepova, uma jovem de 26 anos que foi acusada de assassinar, em 2023, Vladlen Tatarski, um blogueiro nacionalista que apoia a ofensiva da Rússia na Ucrânia. Moscou acusa o governo ucraniano de orquestrar o assassinato, que provocou revolta, especialmente entre os defensores da guerra.
“Daria Trepova foi condenada a 27 anos de prisão em uma colônia penal”, informou, em comunicado, o tribunal militar que a julgou em São Petersburgo. A promotoria havia solicitado 28 anos de cadeia.
Tatarski, cujo nome real era Maxim Fomin, morreu em abril de 2023 após aceitar uma estatueta carregada de explosivos entregue por Trepova em um café em São Petersburgo. A explosão deixou cerca de 30 feridos. A jovem foi detida por “terrorismo” e afirmou, durante o julgamento, que não sabia que transportava um artefato explosivo.
Trepova também disse que foi manipulada por um contato na Ucrânia que se autodenominava “Gueshtalt”. Acreditava que a estatueta tinha um dispositivo de escuta, segundo ela. “Quero pedir desculpas pelo que aconteceu, ainda estou envergonhada”, afirmou a jovem, perante os juízes. Ela disse que aceitou a missão devido à sua oposição à guerra. A Ucrânia nunca confirmou estar por trás do assassinato do blogueiro.
Cadeia
Ontem, em um caso diferente, um tribunal de Moscou impôs a sentença de 4 anos de prisão a Igor Girkin, um ferrenho defensor da guerra na Ucrânia, mas opositor do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Ele era um dos principais líderes dos combatentes separatistas apoiados pela Rússia na região ucraniana de Donetsk, em 2014.
Girkin era comandante dos separatistas que derrubaram um avião comercial da Malaysia Airlines, matando todas as 298 pessoas a bordo, em agosto de 2014. Ele foi condenado à revelia por homicídio na Holanda, onde o voo havia partido.
Mas o que lhe rendeu a cadeia foram as críticas a Putin. Girkin criticou o governo por ser inepto e indeciso no campo de batalha, afirmando que Putin era um “covarde”. Ele foi preso em julho sob acusações de extremismo e estava detido desde então.
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Estadão Conteúdo