Bastidores das gravações de ‘Quitandas e Quitandeiras’
Arquivo pessoal
Comendo um pedaço da história! Me perdoem a sinestesia, mas é como eu me sinto a cada vez que experimento uma receita de quitanda. E não era assim antes, confesso. É que os meus sentidos passaram por uma verdadeira transformação e, agora, os sabores não só estimulam as papilas gustativas, mas aguçam a imaginação e fazem surgir imagens de memórias momentaneamente emprestadas. Parece estranho e abstrato, não é?! Calma que vou explicar desde o começo.
No ano passado, Rafaela Carvalho, coordenadora de produção da Record Minas, Maísa Caldeira, editora-chefe do MG no Ar, e eu procurávamos assuntos leves e divertidos para criarmos um quadro no jornalístico matinal da emissora.
A ideia de fazer reportagens sobre culinária sempre me agradou muito, principalmente quando chega a hora de comer. Falar de comida mineira, bem cedinho, era uma excelente forma de “tomar café da manhã com o telespectador”!
A direção de jornalismo comprou a proposta e o quadro foi chamado de “Quitandas e Quitandeiras”. Em pouco tempo, a coisa foi tomando forma e a primeira temporada foi um recorte sobre as quitandas mineiras que têm seu modo de fazer considerados patrimônio imaterial dos municípios escolhidos.
Foram sete episódios, sete viagens por cidades mineiras e muitas histórias contadas. As mestras quitandeiras, que são as detentoras do conhecimento e responsáveis por transmitir a tradição das receitas para as novas gerações, dividiram comigo, e com o cinegrafista Luiz Silva, memórias valiosíssimas que fazem parte da formação histórica das nossas Minas Gerais. Esses registros ficaram ainda mais lindos com o trabalho dos nossos editores de texto, de imagem e do departamento de arte da TV.
Quitutes mineiros estão entre as maravilhas do mundo
Arquivo pessoal
E antes de começar a escrever aqui no blog as experiências que vivi em cada um dos episódios, precisamos de uma definição! Afinal, você sabe o que é uma quitanda A resposta eu pedi para um grupo de pesquisadores do curso de Gastronomia da Una, de Belo Horizonte, formado pelos professores Mariana Gontijo, Mariana Correa e Sinval Espírito Santo.
“Quitandas são quitutes e iguarias bem feitas. Tudo que se come que não seja pão, de preferência sem trigo. Geralmente acompanham o café e também podem ser chamadas de quitutes de tabuleiro.”
Eles ainda me contaram que no livro Feijão, Angu e Couve, de 1966, o autor Eduardo Frieiro define quitanda como “tudo que se come na merenda.” Anota aí dica de leitura, se quiser se aprofundar no assunto.
Eu não sou pesquisadora, mas posso dizer, com a autoridade de quem gosta muito de comer, que a merenda do mineiro está entre as principais maravilhas do mundo! Concorda
Para colocar uma pitada de polêmica na receita, ainda perguntei aos estimados pesquisadores: qual é a quitanda que mais representa Minas Gerais? Foram duas respostas, a primeira já deve ter surgido aí na sua cabeça.
“Do ponto de vista da popularidade e visibilidade: pão de queijo. Se falarmos em tradição: broas e derivados do milho.”
Pra mim não há problema nenhum, têm muito espaço na mesa para essas delícias, principalmente se vierem acompanhadas de um café quentim e de um bom dedo de prosa. Mais mineiro, impossível!
Nas próximas semanas vou contar no blog como foram as experiências “histórico-gastronômicas” desde o início da primeira temporada, mas se você já quiser um spoiler, te convido a maratonar os sete episódios do “Quitandas e Quitandeiras” disponíveis no aplicativo Play Plus.
A outra boa notícia é que a segunda temporada, tá quentinha, viu?! Para conferir, é só ligar na tela da na Record Minas, no MG no Ar, a partir das 7h da manhã, às sextas-feiras.
Conto com a sua companhia na TV e, agora, aqui no blog! Fonte: R7 – Minas Gerais