Capital brasileira tem os melhores índices de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto do país; nos últimos cinco anos, mais de R$ 1,5 bilhão foi investido no saneamento básico brasiliense, e mais R$ 2,8 bilhões estão previstos para os próximos três anos
O Distrito Federal é a unidade da Federação com os melhores índices de saneamento básico do país, segundo estudo do Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, divulgado neste mês. Por aqui, 98,99% das residências são abastecidas com água de boa qualidade para consumo – o maior índice registrado em todo o país e o mais próximo da meta do Novo Marco Legal do Saneamento Básico, lei federal que prevê que 99% da população deve ser coberta com abastecimento de água até 2033.
Além disso, o DF se destaca nacionalmente em relação à cobertura da rede de esgoto e o tratamento do volume coletado: 92,3% dos lares estão ligados à rede, cumprindo a norma que estipula que 90% dos cidadãos devem ter acesso ao serviço. O objetivo também foi alcançado por São Paulo, que obteve 90,54% de cobertura. Do total coletado no DF, 81,96% passam por tratamento – índice que também respeita a meta nacional, junto a Roraima, com tratamento de 81,26% do esgoto gerado.
Os números positivos no setor ajudaram a colocar Brasília como a segunda cidade e a melhor capital em qualidade de vida do país, segundo o Índice de Progresso Social (IPS). No quesito Água e Saneamento, a capital obteve nota 88,36, acima da média nacional, que ficou em 77,79. Os dados avaliados foram abastecimento de água via rede de distribuição, esgotamento sanitário adequado, índice de abastecimento de água e índice de perdas de água na distribuição.
A avaliação do IPS Brasil partia da pergunta: “As pessoas podem beber água e se manter limpas sem ficarem doentes?” No Distrito Federal, a resposta é sim. O acesso à água potável é um dos direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal e uma das prioridades desta gestão do Governo do Distrito Federal (GDF).
Por meio da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), foram investidos quase R$ 1,5 bilhão nos últimos cinco anos em manutenção, expansão e melhorias do atual sistema de captação de esgoto e água da capital federal. Para este ano, serão mais R$ 250 milhões revertidos em obras de saneamento e distribuição de água.
O presidente da Caesb, Luís Antônio Reis, salienta que a meta é investir mais de R$ 2,8 bilhões até 2027, acompanhando a expansão urbana e o crescimento populacional do DF, que já chega a 2,8 milhões de habitantes, conforme o Censo de 2022. Segundo ele, o GDF busca levar água para todos os lares e preservar o meio ambiente, pensando no futuro das próximas gerações, por meio do tratamento avançado do esgoto coletado.
“Seguimos a diretriz de atender integralmente toda a população, principalmente as áreas de maior vulnerabilidade social. Fizemos a ligação do Assentamento Dorothy Stang e estamos trabalhando na rede do Nova Colina, em Sobradinho. Também há investimentos no Sol Nascente, que hoje tem praticamente 95% das casas com abastecimento de água e 95% com coleta e tratamento de esgoto”, aponta o presidente da Caesb. “Todo o nosso esgoto coletado é tratado, enquanto em alguns lugares do Brasil o esgoto é coletado, mas não é tratado. Tratamos em níveis bastante avançados, em que o efluente do esgoto é lançado nos córregos e rapidamente o córrego está limpo, recuperado.”
O empenho em expandir as áreas de atendimento, sobretudo as de vulnerabilidade social, tem mudado muitas vidas. É o caso da dona de casa Marinês Silva, 57 anos, que viveu por quase duas décadas sem água e esgoto tratado. Ela e outros moradores da Estrutural foram atendidos pelo programa Água Legal da Caesb, que regulariza e amplia os serviços de saneamento em locais abastecidos por sistemas precários ou por ligações irregulares. Desde 2019, cerca de R$ 6 milhões foram investidos na regularização de mais de 4,8 mil ligações de água, beneficiando mais de 14 mil pessoas.
“Era muito difícil. Às vezes, eu não tinha como comprar e os vizinhos também não podiam dar, então não tinha água nem para beber”, lamenta. Apesar da espera e da dificuldade em viver sem o recurso básico, Marinês ainda tinha esperanças. “Tinha certeza de que a água ia chegar aqui um dia. Agora está tudo mais fácil, a gente pode abrir a torneira e pegar água para lavar roupas, lavar louça, tomar banho, limpar a casa, fazer comida.”
Vizinho de Marinês, o vigilante Rafael Braz, 37, recorda como eram difíceis os tempos sem o abastecimento de água potável. Ele, que atua como líder comunitário, conhece a realidade da cidade em que mora há quase 30 anos. “Tem mais de 27 anos que moro na Estrutural, e nossa situação era bastante difícil. Antigamente não tínhamos dignidade e hoje temos. Dá para ver a alegria no sorriso das pessoas”, comenta. “O GDF tem olhado para a cidade com um olhar diferenciado, tem trabalhado por nós e mudado muitas vidas”.
Criada em 8 de abril de 1969, a Caesb está presente em todas as 35 regiões administrativas do DF. As redes de água e esgoto têm cerca de 18 mil km de extensão, o equivalente à distância entre Brasília e Tóquio (Japão) em linha reta. Apenas com as redes de água, que somam quase 10 mil km de extensão, seria possível ir da capital brasileira até Berlim, na Alemanha. Já com a extensão das redes de esgoto, que chegam a 8 mil km, é possível ir até Barcelona, na Espanha.
Fonte: Agência Brasília