A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira (26) um homem suspeito de ajuda os fugitivos da penitenciária federal de Mossoró (RN). O homem foi identificado como Ronaildo da Silva Fernandes, dono de um sítio em Baraúna, na divisa do Rio Grande do Norte com o Ceará. Ele teria recebido R$ 5 mil para abrigar os fugitivos por oito dias. Deibson Nascimento e Rogério Mendonça fugiram da penitenciária de segurança máxima no dia 14 de fevereiro.
O dono do sítio chegou a procurar a polícia e dizer que foi coagido a manter os fugitivos na chácara. Ele informou que a família teria sido rendida pelos criminosos enquanto dormia, no período da noite.
O relato levantou suspeitas da polícia, o que fez com que o mandado de prisão fosse expedido. Esta é a quarta prisão na investigação do caso. O irmão de um dos fugitivos também foi preso no Acre, na última quinta-feira (22).
A força-tarefa montada para capturar os homens também encontrou um possível esconderijo onde a dupla teria permanecido por dias. No local de mata, que fica próxima à prisão, foram encontrados um facão, uma lona e várias embalagens de comida.
Fugitivos fizeram reféns
No dia 16 de fevereiro, os presos chegaram a fazer uma família refém em um local a 15 km da prisão. Segundo fontes da RECORD, os criminosos invadiram uma casa, onde ficaram por cerca de quatro horas, pediram comida e roubaram um celular. Em seguida, deixaram o endereço.
Aproximadamente 500 homens estão envolvidos nas operações de busca pelos criminosos. A Força Nacional foi autorizada a participar das buscas, entre 23 de fevereiro e 22 de abril.
A penitenciária de Mossoró tem quatro agentes de execução penal para cada preso, em média. Os dados, que são do Painel Estatístico de Pessoal do governo federal e da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), foram coletados pelo R7. Pelos números oficiais, o país tem 1.493 servidores do tipo ativos, dos quais 249 (16,7%) estão lotados em Mossoró.
A prisão de segurança máxima abriga 68 detentos — segundo menor número de presos de uma penitenciária federal, atrás apenas da unidade de Brasília (DF). O presídio tem quase quatro vezes mais servidores desse tipo do que detentos, proporcionalmente.
Entenda
Segundo as investigações, Rogério e Deibson são ligados ao Comando Vermelho. Os detentos tiveram acesso a ferramentas usadas na reforma pela qual a unidade passa. A fuga é a primeira desde a implementação do SPF (Sistema Penitenciário Federal) no Brasil, em 2006.
Os dois fugiram pela luminária que ficava em uma parede lateral da cela. Após atravessar a abertura, os fugitivos escalaram o shaft — vão interno para passagem de tubulações e instalações elétricas — até o teto, onde quebraram uma grade metálica e chegaram ao telhado da prisão.
“Em vez de a luminária e o entorno estarem protegidos por laje de concreto, estava fechada por um simples trabalho comum de alvenaria. Outro problema diz respeito à técnica construtiva e ao projeto. Quando os fugitivos saíram pela luminária, entraram naquilo que se chama de shaft, onde se faz a manutenção do presídio, com máquinas, tubulações e fiação”, explicou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
“É uma questão de projeto. Quem fez deveria ter imaginado que a proteção deveria ter sido mais eficiente”, disse o ministro. Para Lewandowski, o fato de a ação dos criminosos ter ocorrido na madrugada da terça de Carnaval para a Quarta de Cinzas pode ter facilitado a operação, porque as “pessoas costumam estar mais relaxadas” nesse período.
Após ultrapassar os obstáculos, os criminosos encontraram ferramentas utilizadas na reforma do presídio. Em seguida, Deibson e Rogério se depararam com um tapume de metal que protegia o local reformado e fizeram uma brecha na estrutura. Depois, com alicates usados na obra, cortaram as grades que os separavam do mundo exterior.