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segunda-feira, novembro 25, 2024

Pausa para a Leitura: Os caminhos

Diante de mim, tantos caminhos já se multiplicaram. Ter todas as opções do mundo nunca foi libertador, como deveria ser. O arsenal das escolhas impostas pela vida é um claustro, uma prisão confortável com uma janela escancarada – que rememora tudo que eu poderia ter sido.

Vi meu destino bifurcar-se diante de mim diversas vezes. E ao fim de cada caminho, uma estrada promissora e tentadora iluminava meus olhos. Eram tantas ruas, tantas possibilidades; eu estava ansiosa para seguir um rumo e tonta diante de tantas alternativas importantes e irreversíveis. A profusão e a vastidão das escolhas diante de mim, tal como raízes e artérias, fragmentavam-se e confundiam-me. A miríade de avenidas e universos encontrava-se simultaneamente ávida por direção e aturdida pela complexidade de minhas escolhas – definitivas e irrevogáveis. Os ramos, como os anos, tornavam minhas decisões absolutas e imutáveis. Não me seria possível ser eu e ser outra – ou ser todas as outras que poderia ter sido; era preciso escolher apenas um caminho por vez – que me oferecia novas possibilidades e, ao mesmo tempo, aniquilava todas as outras extraordinárias alternativas anteriores, cada vez mais remotas e distantes. E após tantos caminhos, muitos outros que me chamavam pareciam incríveis. Eu não conseguia prosseguir. Estava paralisada diante de escolhas excludentes entre si. E por mais incrível que fosse uma alternativa, ela também era maldita. Toda escolha custava tantas outras. E todas pareciam ficar devendo mundos a mim.

Fiquei paralisada, diante da estrada, enraizada, porque não conseguia eleger apenas uma vida. Todas pareciam tentadoras e interessantes. Todas pareciam dignas de mim. E eu nunca consegui andar.

Queria seguir todos os caminhos. Não conseguiria escolher só um – alcançar um significaria perder todos os outros.

Talvez querer tudo signifique não querer nada. E talvez não querer nada signifique querer tudo. Talvez eu não tenha nada, talvez tenha tudo.

Então, já cansada e incapaz de escolher, os caminhos começaram a desaparecer. Percorri tantos e tantos outros ficaram para trás; segui e perdi tantas vidas. E hoje não há mais tempo para voltar, não há mais tempo para percorrer todas as minhas histórias perdidas que ficaram para trás.

Minha história é a soma de todas as vidas incríveis que eu nunca conseguirei viver. Eu poderia estar em qualquer lugar. Eu poderia estar aí. Deliberadamente, estou aqui. Acidentalmente, não estou ali. Eu sei onde isso vai parar; preciso honrar os caminhos que não percorri, preciso chegar a mim.

► *FERNANDA VAN DER LAAN É PSICÓLOGA / @fernandissima

Fonte: R7 – Cidades

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