Os aeroportos do Nordeste brasileiro lutam para conseguir recuperar as rotas internacionais depois da queda causada pelo isolamento social da pandemia da covid-19. Os números são diferentes dos aeroportos do centro-sul, onde se aproxima ou ultrapassa o valor pré-pandemia.
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De acordo com o levantamento realizado pela Folha de S.Paulo, entre janeiro e novembro de 2023, o Aeroporto Internacional de Recife foi o que registrou o número mais divergente de rotas comparado aos dados de 2018, antes da pandemia. As informações são da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
No recorde histórico, em 2018, Recife recebeu 16 rotas internacionais, enquanto em 2023 ofereceu apenas cinco destinos internacionais: Lisboa, Buenos Aires, Montevidéu, Orlando e Fort Lauderdale, na Flórida, nos Estados Unidos. O levantamento considera apenas rotas com mais de 400 passageiros por ano, de passageiros que desceram no Brasil.
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O aeroporto de Fortaleza também registrou queda. Em 2018, apresentava 12 rotas internacionais, com a pandemia o número caiu para dois. Em 2023, a cidade ofereceu quatro rotas: Miami, Lisboa, Paris e Buenos Aires.
A capital baiana viu o número cair de nove destinos internacionais, em 2019, para quatro em 2023: Madri, Lisboa, Buenos Aires e Montevidéu.
Brasil perdeu rotas durante a pandemia
O Brasil também perdeu rotas depois da pandemia. Em 2018, o país tinha 181 destinos internacionais, o maior no século. No início da pandemia, em 2020, o número caiu para 165. No auge da quarentena, o Brasil viu o número de rotas despencar para 73.
Houve uma recuperação no total de rotas para fora do país em 2023, com 142 trajetos.
Para a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a pandemia causou uma concentração do tráfego internacional em Guarulhos, o que refletiu na queda de voos para o Nordeste.
Os passageiros internacionais iam para o aeroporto da Grande São Paulo e, de lá, eram distribuídos para os outros destinos dentro do país. Dessa forma, as companhias conseguem reduzir custos.
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A associação informou à Folha que as rotas internacionais para outros aeroportos voltaram a crescer, mas depende da demanda de cada local.
O Aeroporto Internacional de Guarulhos tem visto o número de passageiros crescer desde a pandemia. Segundo a Anac, de janeiro a novembro de 2023, cerca de 12,2 milhões de passageiros de rotas internacionais passaram pelo terminal, próximo aos 13,1 milhões em 2019.
O Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, também tem recuperado o número de passageiros de rotas internacionais. Ele é o segundo maior fluxo internacional do Brasil. De janeiro a dezembro de 2023, registrou cerca de 3 milhões de passageiros, ante 3,9 milhões no mesmo período de 2019.
Aeroportos do Nordeste recuperam número de passageiros
Embora a região nordeste tenha registrado baixo número de destinos internacionais, os principais aeroportos têm conseguido recuperar aos poucos o número de passageiros internacionais.
Em Recife, por exemplo, cerca de 271 mil passageiros internacionais passaram pelo terminal, de janeiro a novembro de 2023. O resultado representa um crescimento de mais de 80% na comparação com o número observado no mesmo período do ano anterior. O aeroporto é o principal destino de gringos no Nordeste e recebeu mais de 479 mil passageiros internacionais em 2019.
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Antes da pandemia, o principal destino de voos internacionais no Nordeste era Fortaleza, quando registrou 498 mil passageiros internacionais, de janeiro a novembro de 2019. No mesmo período de 2023, o número caiu para 245 mil.
Já Salvador viu o número cair de 374 mil para 249 mil passageiros internacionais nos períodos citados. Apesar das quedas, os terminais receberam mais passageiros no ano passado que em 2022, mostrando uma recuperação.
Pandemia racionalizou voos para Guarulhos
De acordo com declaração do economista Claudio Frischtak à Folha, a pandemia pode ter acelerado o processo de racionalização do sistema aeroportuário brasileiro. Isso significa que o Nordeste perdeu voos para concentrar as rotas em Guarulhos e depois realizar a distribuição. Uma forma de otimizar as rotas.
“O Nordeste não deixou de ser atraente, continuou sendo uma região que atrai turismo doméstico e internacional”, explicou. “A pandemia afetou, obviamente. Talvez houvesse um excesso de rotas. E essa racionalização pode ter sido acelerada pela pandemia.”
Passageiros em rotas que ligam Brasil a Portugal dispara
O Brasil tem recuperado aos poucos o volume de passageiros em destinos internacionais. Apesar disso, rotas que ligam o país a Portugal tem um crescimento fora da média e já ultrapassaram os números de antes da pandemia.
De acordo com a Anac, de janeiro a dezembro de 2023, cerca de 2,2 milhões de passageiros traçaram a rota para o país europeu. Antes da pandemia, em 2019, esse número foi de 2 milhões. Um crescimento, portanto, de mais de 220 mil passageiros.