Sidnei Piva de Jesus, dono da Itapemirim, criou uma companhia aérea sem um centavo, em plena pandemia da covid-19.
Segundo uma investigação do Ministério Público de São Paulo, Sidnei enganou autoridades, fornecedores, funcionários e clientes. A Record teve acesso às investigações sobre o passado dele. Ele comprou a viação Itapemirim, do Espírito Santo, em 2017, que estava quebrada.
A empresa devia cerca de R$ 300 milhões. Sidnei fez a compra por um valor simbólico: R$ 1, com o compromisso de pagar as dívidas e os funcionários. Ele não cumpriu o acordo e fez demissões em massa. Em meio à recuperação judicial da empresa de viagens por ônibus, o empresário decidiu fundar uma companhia aérea no mesmo grupo.
Sidnei Piva passou a utilizar tornozeleira eletrônica em 2022
Sidnei dizia contar com um dinheiro de um fundo árabe para operar a companhia aérea, que nunca chegou. Ele passou a usar recursos da Itapemirian, a empresa de ônibus, para a Ita Transportes Aéreos. Entre agosto de 2020 e outubro aquele ano, a aviação repassou R$ 36 milhões para a companhia aérea.
A Ita conseguiu arrendar seis aviões e contratar mil funcionários e fornecedores, incluindo uma empresa de serviços aeroportuários. A empresa parou de atender a Ita pela falta de pagamentos em dezembro de 2021. Segundo a promotoria, essa dívida é de R$ 15 milhões.
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Sem os serviços aeroportuários, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) proibiu a Ita de operar. Em fevereiro de 2022, a Justiça de São Paulo afastou Sidnei da presidência do grupo Itapemirim, que abriu falência. O grupo deve R$ 253 milhões a credores e mais de R$ 2 bilhões em impostos.
A compannhia aérea operou por apenas seis meses e teve fim durante o Natal de 2021, deixando muitos passageiros impossibilitados de passar a data com suas famílias.
Em março de 2022, Sidnei compareceu ao centro de detenção provisória de Pinheiros para a instalação de tornozeleira eletrônica. A determinação foi feita pelo Departamento de Inquéritos Policiais do Estado de São Paulo (DIPO).