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sábado, novembro 23, 2024

Inserção de DIU aumenta 38,7% após procedimento ser realizado por enfermeiros da rede pública

Facilitar o acesso a métodos contraceptivos a mulheres, especialmente aquelas em situações mais vulneráveis, é um dos objetivos que norteiam as políticas públicas da rede pública de saúde. Nas unidades básicas de saúde (UBSs), as mulheres contam com pílulas anticoncepcionais, preservativos, aplicação de injeções e o procedimento cirúrgico de esterilização permanente, a laqueadura.

“Antes da portaria, precisávamos fazer a regulação da paciente, e isso demorava muito. Agora, as mulheres chegam aqui com a demanda e em uma semana nós conseguimos agendar e fazer a inserção”

Rosilda Neves, enfermeira da UBS 2 de Santa Maria

Também há disponível, para o público feminino, o dispositivo intrauterino (DIU). O procedimento, antes realizado exclusivamente por médicos da rede, passou a ser autorizado para enfermeiros. Desde que a Portaria nº 422 entrou em vigência, em outubro do ano passado, o número de mulheres beneficiadas com a inserção de DIU aumentou em 38,7%.

Em 2022, quando a inserção de DIU era feita apenas por médicos, foram registrados 3.742 procedimentos. Em 2023, quando profissionais da enfermagem passaram a ser autorizados para a prática, o número subiu para 5.190.

“Desde que nós fomos autorizadas a fazer o procedimento, a fila de espera praticamente zerou”, reforçou a enfermeira Rosilda Neves, da UBS 2 de Santa Maria. “Antes da portaria, precisávamos fazer a regulação da paciente, e isso demorava muito. Nesse intervalo de tempo, elas acabavam engravidando. Agora, as mulheres chegam aqui com a demanda e em uma semana nós conseguimos agendar e fazer a inserção.”

Os enfermeiros e médicos que inserem o dispositivo precisam passar por uma capacitação, conforme recomenda uma nota técnica do Ministério da Saúde. Para isso, foi firmada uma parceria com a Associação Brasileira de Enfermagem.

“O nosso objetivo é aumentar o acesso das mulheres a esse método contraceptivo, porque são pacientes mais vulneráveis”

Fabiana Fonseca, médica de família e comunidade da UBS 2 de Santa Maria

“O que diferencia é o treinamento e não o curso de formação”, pontuou a médica de família e comunidade Fabiana Fonseca, também da UBS 2 de Santa Maria. “Se o profissional está bem-capacitado, ele está apto a fazer a inserção do DIU. O nosso objetivo é aumentar o acesso das mulheres a esse método contraceptivo, porque são pacientes mais vulneráveis.”

Benefícios

Uma das principais vantagens do DIU é que a mulher não precisa ativar diariamente o método contraceptivo. Após a inserção, o equipamento está efetivado. Outro ponto positivo é a longa duração do dispositivo. Nas UBS, são utilizados os DIUs de cobre, sem hormônio, que têm duração de aproximadamente dez anos.

A auxiliar administrativa Monica dos Santos, 26, foi até a UBS para agendar o procedimento e, devido a uma brecha na agenda das profissionais, conseguiu fazer a inserção no mesmo dia. “Foi muito rápido; eu nem estava esperando colocar o DIU hoje”, contou. “O procedimento também foi muito tranquilo, senti apenas um leve incômodo”.

Já a dona de casa Michele Vasconcelos, 38, agendou o procedimento após suspender o uso da pílula anticoncepcional. “Eu já tenho três filhos e não quero mais [engravidar]”, relatou. “O remédio todo dia não estava fazendo bem para o meu corpo. O DIU é mais seguro e cômodo, sem contar que não senti dor nenhuma”.

Planejamento familiar

O DIU é oferecido como parte das opções de planejamento familiar disponibilizadas pela SES-DF nas UBSs. As pacientes passam por avaliação obstétrica e ginecológica para determinar a adequação do dispositivo ou a sugestão de outros métodos, como contraceptivos orais ou preservativos. Além disso, devem assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) antes da inserção.

“Nós sempre estimulamos que o DIU seja abordado em palestras do planejamento familiar”, disse a médica Fabyanne Mazutti, referência técnica distrital (RTD) colaboradora de ginecologia da SES-DF. “Agora, o procedimento está muito mais acessível porque não precisa ser regulado. A paciente que está saudável e precisa de um método, basta procurar uma das unidades básicas de saúde, que funcionam como porta de entrada para o SUS. Lá, ela será orientada e terá o procedimento agendado.”

 

*Fonte: Agência Brasília

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