O médico infectologista é especializado no cuidado ao paciente com doenças infectocontagiosas, que podem ser causadas por microrganismos como bactérias, vírus, fungos e parasitas. Diferentemente de outras especializações médicas, o profissional não atua particularmente sobre um determinado órgão ou sistema do corpo humano. Seu olhar é abrangente: da pele ao cérebro, dos microrganismos ao meio ambiente; assim como a sua interação com os demais especialistas em saúde.
Em 11 de abril, foi celebrado o Dia Nacional do Infectologista. A data foi escolhida em 2005, em referência ao dia de nascimento de Emílio Ribas, notável médico reconhecido como um dos pioneiros no campo das doenças infecciosas no Brasil.
Prevenção e controle
A prevenção e o controle são as principais medidas para o enfrentamento da maioria das doenças transmissíveis. Por este motivo, todos os hospitais da rede pública de saúde do Distrito Federal (SES-DF) contam com ao menos um médico infectologista atuando junto ao Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar (NCIH), que tem como ênfase o combate às infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS).
As ações educativas contínuas junto aos demais profissionais de saúde contribuem para a minimização dos riscos de contaminação cruzada, que se dá pela transferência de microrganismos de uma pessoa, superfície ou objeto para outra pessoa. Outro elemento frequentemente associado a esses tipos de infecções são os microrganismos multirresistentes, aqueles que apresentam resistência à antimicrobianos (RAM) – associada, entre várias causas, ao mau uso de medicamentos.
“Sou consultora para o uso racional de antimicrobianos em pacientes que estão internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Também atuo com medidas educativas, que envolvem a ação mais simples e também a mais efetiva para a prevenção de infecções que é a higienização das mãos”, resume a médica infectologista Maria Aparecida Lustosa, com mais de 20 anos de experiência no controle e prevenção de infecções hospitalares, integrante do NCIH do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN).
Assistência direta
O infectologista também pode atuar no ambiente clínico, prestando assistência direta a pacientes. Pessoas que vivem com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) representam um dos principais atendimentos prestados. O Centro Especializado em Doenças Infecciosas (CEDIN) é a unidade de saúde no DF que oferece atenção especializada de média complexidade aos pacientes com IST, tuberculose, hanseníase.
Há seis anos, Silvano da Silva, 58 anos, é acompanhado pela equipe multiprofissional do centro de referência. Em 2019, em exame realizado no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), instalado na Rodoviária do Plano Piloto, recebeu o resultado positivo para HIV. Foi encaminhado para o CEDIN, onde deu início imediato ao tratamento. Em dois meses já apresentava carga viral indetectável. “Esse lugar caiu do céu pra mim. Foi um alento. Hoje, levo a minha vida normalmente. Sou muito grato a todo o pessoal daqui”, declara o morador de Ceilândia.
A sociedade não escapa do amplo olhar do médico infectologista. Afinal, no contexto das doenças infectocontagiosas, os fatores sociais, econômicos e culturais – Determinantes Sociais da Saúde (DSS) – influenciam o risco de infecção. No CEDIN, o trabalho de cidadania é compreendido com igual importância à atuação biomédica. “Nós ainda temos esse compromisso a mais de acolher as pessoas, de levantar a bandeira e dizer que aqui é um local de refúgio e de segurança para o seu tratamento”, reforça a médica infectologista Luiza de Matos.