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sábado, dezembro 28, 2024

Indicada ao Oscar, obra-prima do cinema europeu que vai te deixar perplexo está no Prime Video

Produção da Bósnia que entrou na disputa ao Oscar de melhor filme internacional em 2021, “Quo vadis, Aida?”, na tradução literal “Para onde você está indo, Aida?”, é um filme de roteiro e direção de Jasmila Zbanic. Um drama de guerra extremamente comovente e cru, o enredo parte da premissa de que o espectador conhece a história da Bósnia. Por isso, ele não dá introduções, não explica o contexto das cenas que estamos vendo e isso pode ser um pouco confuso para quem chega desavisado.

Ambientado no fatídico 11 de julho de 1995, Zbanic narra a história fictícia de uma tradutora da ONU chamada Aida, que antes da guerra civil no país era uma professora. No contexto histórico real, estamos diante de um massacre planejado, que ocorre no fim da Guerra Civil na Bósnia Herzegovina. A guerra dura de 1992 a 1995. Na cidade de Srebrenica, soldados holandeses da ONU constroem uma base militar que passam a chamar, em 1993, de “área segura”.

A cidade acaba invadida pelo general Ratko Mladic e suas tropas. Na base da ONU, eles começam a abrigar refugiados, mas já completamente sem controle da situação, os soldados holandeses recuam, enquanto civis são agrupados e levados em ônibus para algum local desconhecido. Neste momento, homens e mulheres são separados para que todos os maridos, filhos e netos sejam fuzilados.

Nós acompanhamos Aida na expectativa de que ela própria consiga salvar seu marido e seus dois filhos rapazes do fuzilamento. No filme, experimentamos a sensação fulgurante da aflição da protagonista do início ao fim. Ela tenta usar sua minúscula e insignificante influência como tradutora das Nações Unidas para proteger sua família, sempre articulando, correndo de um lado ao outro, negociando para que seu marido interceda uma conversa com o general Ratko e escondendo os filhos no escritório de reuniões estratégicas. A angústia de Aida é nossa angústia. Uma ansiedade que nos espreme o estômago durante pouco mais de uma hora e meia de filme.

A atriz que interpreta a Aida, Jasna Djuricic, transmite muito intensamente essa aflição, com reforço de um roteiro substantivo, diálogos bem escritos, trilha sonora imersiva, uma edição incrível e tudo mais que Jasmila Zbanic e sua equipe de produção caprichosa construiu para nos transportar para essa história de um passado não tão distante assim.

O genocídio na Bósnia é considerado o pior da Europa, depois do Holocausto. Em 2000, em um relatório das Nações Unidas, Kofi Annan culpou o exército holandês por ter fracassado em proteger Srebrenica. Ratko Mladic foi julgado pelo Tribunal Internacional da antiga Iugoslávia, no qual foi considerado o líder do genocídio que matou 8 mil muçulmanos. Ele pegou prisão perpétua.

Nos créditos finais, não há música. Jasmila Zbanic preferiu usar silêncio do luto. A tela simplesmente fica preta, os créditos sobem e o som de absolutamente nada invade o espaço constrangendo quem assiste. Engolimos o filme a seco, com a sensação desconfortável de uma pedra rasgando a garganta.

“Quo Vadis Ainda?” não é um filme de entretenimento. Então, não espere divertir durante essa sessão. É uma obra que toca em uma ferida da Europa que não cicatrizou.


Filme: Quo Vadis Ainda?
Direção: Jasmila Zbanic
Ano: 2020
Gênero: Drama/Guerra
Nota: 10

Fonte: R7 – Entretenimento

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