O quadro se agrava quando somadas as formas leve e moderada da insegurança alimentar: quase um terço dos domicílios do país (27,6%) relatam dificuldades em manter a quantidade e a variedade de alimentos em suas mesas. Na prática, isso equivale a 21,6 milhões de residências, impactando diretamente 60,3 milhões de pessoas. Os dados mostram ainda que a fome no Brasil tem cor e gênero: entre os que vivem em insegurança alimentar, 58,6% são mulheres e 58,1% são pessoas pretas ou pardas.
Diante dessa realidade, a atuação da sociedade civil organizada se torna ainda mais essencial. É o caso do Instituto Mulheres em Ação, fundado pelo advogado Renato Rocha, que tem se destacado por suas iniciativas de solidariedade e enfrentamento da fome no Distrito Federal e Entorno. Com um trabalho baseado no respeito, na inclusão e no empoderamento, o Instituto realiza ações semanais de distribuição de alimentos em comunidades em situação de vulnerabilidade social, como Sol Nascente, São Sebastião e Estrutural.
“Acreditamos que a transformação começa com pequenos gestos de amor e cuidado, como garantir alimentação para as famílias que mais precisam. Mas ela se fortalece quando está estruturada em ações planejadas e com impacto real”, afirma Renato Rocha. “Por isso, criamos parcerias com empresas do setor de eventos, que nos doam os alimentos arrecadados em shows. Também atuamos junto a instituições que têm alimentos disponíveis para doação, mas não possuem logística para a distribuição. O Instituto Mulheres em Ação, com apoio dos nossos voluntários, faz esse elo: busca os alimentos e entrega diretamente nas casas das famílias atendidas.”
As doações variam entre cestas básicas completas e alimentos avulsos, todos dentro do prazo de validade e próprios para o consumo. A atuação contínua do Instituto é um exemplo de como ações coordenadas da sociedade civil podem amenizar os efeitos da fome e promover dignidade para quem mais precisa.
Como previsto no Artigo 6º da Constituição Federal, a alimentação é um direito social, ao lado da saúde, moradia, educação e outros pilares da dignidade humana. Já o Artigo 227 reforça o dever da família, da sociedade e do Estado em assegurar, com absoluta prioridade, os direitos das crianças e dos adolescentes, incluindo a alimentação adequada.
Enquanto o país ainda enfrenta o desafio de combater a fome de forma estruturada, ações como as do Instituto Mulheres em Ação mostram que a solidariedade pode — e deve — ser um instrumento poderoso de transformação social.