São Paulo, Brasil
“Vocês falavam que o Brasil era o favorito. A Venezuela fez 3 a 1 na gente. Todos os times são iguais, todos têm a mesma capacidade de se classificar e ser campeões.
“Isso foi uma lição para nós e para vocês também, para nunca se desmerecer algum time.”
Essas foram as palavras de Endrick, após a humilhante derrota do Brasil, ontem, contra a Venezuela, pelo Pré-Olímpico, disputado na Venezuela.
O atacante, maior estrela do torneio, se posicionou como líder da instável equipe comandada por Ramon Menezes.
Apesar de classificada antecipadamente para a fase final, com a própria Venezuela, Argentina e Paraguai, o futebol da Seleção Brasileira é decepcionante.
Foi um sofrimento a vitória contra a Bolívia, por apenas 1 a 0. E na vitória diante da Colômbia, por 2 a 0, outro jogo sem empolgar. Até a vexatória derrota de ontem por 3 a 1.
Mesmo com Ramon Menezes poupando suas principais peças para a fase final, inclusive Endrick, o futebol acanhado, sem criatividade, intensidade, omisso, chamou a atenção da mídia internacional.
Endrick, John Kennedy, Andrey Santos, Alexsander, Marlon Gomes e o goleiro Mycael ficaram de fora. E viram o Brasil jogar como time pequeno, aceitando a pressão do time venezuelano, que precisava vencer. E, com facilidade, abriu 3 a 0. Alexander fez o gol de honra.
Endrick saiu do banco de reservas quando a partida estava 2 a 0. Não conseguiu mudar o panorama.
Mas o que mais chamou a atenção ontem foi a postura irritadiça do jogador ao final do jogo. Ele não aceitou passivamente a cobrança pelo péssimo futebol do Brasil. Negou o favoritismo e repassou a raiva da derrota para a imprensa nacional, que desvalorizou a Venezuela.
Por seu talento, muito acima dos companheiros, e da pouca representatividade ainda do técnico Ramon Menezes, Endrick virou o porta-voz da Seleção Pré-Olímpica.
Para o bem e para o mal.
Sua postura lembra a de Neymar, com todos os holofotes voltados para o jogador.
Ramon Menezes e a CBF incentivam que seja assim.
Endrick virou um grande escudo para uma geração que se mostra abaixo do que se espera da Seleção Brasileira Pré-Olímpica, na história.
Ele só está na Venezuela por imposição do Real Madrid, para ganhar minutagem com a camisa da Seleção Brasileira, antes de ir para a Espanha, em julho. Se dependesse do Palmeiras, ele estaria com o time que decidirá a Supercopa do Brasil, domingo, em Belo Horizonte.
Endrick tem um estafe de cerca de 15 pessoas para orientar sua carreira. Neymar tem 30. E mesmo assim caiu na tentação de aceitar todo mimo e privilégios que a CBF, carente de títulos, oferece ao jogador desde 2011.
O resultado foi péssimo para o Brasil.
Ótimo para Neymar que, supervalorizado, tem hoje um patrimônio de R$ 4 bilhões.
Endrick tem apenas 17 anos.
E é a grande esperança do Brasil para as próximas Copas do Mundo.
Se ele seguir a direção que Neymar indicou, o Brasil pode, outra vez, pagar caro.
Ter um jogador com um potencial extraordinário que tenta moldar a realidade de acordo com seu bel-prazer.
Perder para a Venezuela, com a Seleção Brasileira se postando como time pequeno, ainda é inaceitável. Basta comparar individualmente os jogadores. Onde atuam. Mesmo os reservas que Ramon Menezes colocou em campo.
O time precisa ser cobrado taticamente.
E também individualmente. A comparação técnica entre os jogadores, da estrutura que têm, o Brasil é amplo favorito para ser o primeiro colocado neste pré-olímpico.
Está acima, inclusive, da geração argentina, que tanto trabalho está dando para o ex-jogador Javier Mascherano.
Que Endrick seja orientado.
Não há cabimento o Brasil dar vexame contra a Venezuela e ele querer dividir a responsabilidade com a imprensa nacional.
Situação absurda.
Endrick tem enorme talento.
Como Neymar.
Mas precisa ser melhor orientado.
Já bastou o desperdício e o clima pesado que o jogador do Al-Hilal criou, ao longo dos anos, entre Seleção e imprensa deste país.
Jogar com a camisa amarela significa cobrança.
Seja em que tempo for…