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sábado, novembro 23, 2024

Echo – 1ª temporada | Crítica: Tiro, porrada e representatividade no MCU

Primeiramente dá para dizer que Echo é a história de Maya Lopez. Sem mais, nem menos.

Claro, a temática mais adulta, a porradaria, a volta do Rei do Crime de Vincent D’Onofrio e do Demolidor de Charlie Cox até são os atrativos para a nova série da Marvel Studios que chega de forma simultânea no Disney+ e no Star+, e com todos os episódios liberados de uma vez, mas fica claro que não são o foco da atração.

Como falamos, Echo é a história de Maya Lopez, a vilã introduzida lá em Gavião Arqueiro que aqui ganha uma série própria que nos leva mais uma vez para o lado do MCU ainda pouco explorado, aquele com menos aventuras espaciais, vilões obcecados por joias e criaturas coloridas, e mais urbano, realista e mais pé no chão. Aquele que foi tão marcante na época que os personagens protagonizam as séries da Marvel na Netflix? Lembram?

E aqui, agora no Disney+ e dentro do MCU, por mais que seja bom vermos algumas dessas carinhas conhecidas de volta, fica claro que elas estão ali, exclusivamente, para sustentar a trama da personagem título e ajudar a navegarmos entre os episódios na medida que conhecermos a origem, e acompanharmos mais uma nova aventura, de Maya Lopez (Alaqua Cox, ótima).

E é muito bom ver a personagem e Cox de volta como a personagem depois de ter roubado as cenas em Gavião Arqueiro. A atriz é ótima e a representativamente (tripla!) é bem-vinda. A personagem merecia ter uma série própria, com vários episódios? Não, mas estamos na era do streaming e o contéudo que dita as regras do jogo. Então, por que não, não é mesmo? E olha que me diverti bastante com os episódios liberados antecipadamente pela Marvel Studios para a imprensa. Fica claro então que Rei do Crime, Demolidor, e etc,  servem de apoio, de sustância, para vermos uma história que não deixa de ser também super interessante, brutal e com um foco na temática indígena. 

O lançamento perto da estreia online de Assassinos da Lua das Flores (longa de Scorsese sobre o extermínio da nação Osage) ajuda a criar essa narrativa que ao mesmo tempo celebra, homenageia e conta a história desses povos nativos-americanos. Em um dos episódios, por exemplo, temos a história contada em preto e branco e com um formato do cinema antigo que é belíssimo de ver. Um dos destaques de Echo fica com o trabalho cuidadoso de fotografia e de cenários.

Vincent D’Onofrio e Alaqua Cox em cena de Echo, disponível no Star+ e Disney+.
Foto: Photo by Chuck Zlotnick. © 2023 MARVEL.

E assim,a série segue o mesmo caminho do filme da Apple ao se aprofundar na história de Maya Lopez uma nativa americana que foi abraçada por Wilson Fisk (D’Onofrio bem mais confortável aqui), o Rei do Crime e que entrou, e foi treinada para estar no exército do vilão queridinho dos fãs. 

E o começo de Echo tem esse propósito, de introduzir o espectador em onde, e como, Maya foi parar em Nova York e ser basicamente se tornar a segunda no comando da operação do Rei do Crime. Conhecemos os pais de Maya, a vida dela na fazenda com a prima quando jovem, o grande acidente que a fez perder a perna, e depois perder a mãe. E Echo não para por aí, pois é tudo apresentado em toque de caixa, onde depois já vamos para um grande recap dos eventos que nos levaram para o final da série do Gavião Arqueiro, pelo menos, o arco que envolvia a personagem.

Afinal, logo depois que Maya atira no “tio” e o deixar em um beco na rua (e a gente sem saber o seu destino), Echo avança na narrativa e nos leva para conhecermos mais o passado da personagem. E não só a fase moderna, onde vemos a personagem voltar para a cidade que nasceu em Oklahoma, mas também, a história volta anos atrás quando os nativos da tribo lideradas pela guerreira Chocotaw chegaram nas terras americanas. E assim, vemos a narrativa ir um pouco mais para um lado mais mágico, onde descobrimos que o povo antepassado da personagem veio de cavernas que brilham, e tem poderes, onde boa parte dos episódios usam seu tempo em apresentar um contexto, e um paralelo com que a personagem vai viver, onde tudo isso é explicado e conectado ao longo dos episódios.

Echo, então logo de cara, une esse arco narrativo mais místico dos antepassados da personagem com a trama que a segue no presente quando vemos Maya retornar para a sua cidade natal e precisa lidar com os acontecimentos depois que o Rei do Crime é deposto.

Conhecemos, então, a avó da personagem, a senhora Chula (Tantoo Cardinal), o primo Henry Black Crow Lopez (Chaske Spencer) que comanda uma pista de patinação, a prima policial Bonnie (Devery Jacobs), e a missão que a personagem tem na pequena cidade e que esconde dos parentes.

A série então se apoia nos costumes do povo indigenea, nas tradições antigas unidas com as modernas e realmente apresenta uma grande bagagem para a personagem no meio tempo em que as forças do Rei do Crime se reagrupam em Nova York. Afinal, é lá que Maya deixa o Rei do Crime, o encontro com o Demolidor (que aparece já no primeiro episódio bem rapidamente para a alegria dos nerds), e as cenas de combate extremamente pesadas e bem coreografadas.

Alaqua Cox em cena de Echo disponível no Disney+ e Star+.
Photo by Chuck Zlotnick. ©Marvel Studios 2023. All Rights Reserved.

E Echo é brutal e sangrenta nesse sentido. As cenas logo nos primeiros episódios dentro de um porão são extremamente impactantes e tanto Alaqua Cox quanto a direção estão muito bem, e a produção acertou ao usarem muito bem as câmeras para fazer o espectador estar junto com a personagem nessa cena e na porradaria que é apresentada.

Os fãs de John Wick, da própria série do Demolidor da Netflix, e sei lá, aqueles que buscam conteúdo mais adulto no MCU vão ter um prato cheio. O mesmo vale para outras cenas de ação, em especial para uma outra, lá logo no começo, onde vemos Lopez tentar invadir um trem em movimento como parte do seu plano.

Echo também é marcada pelo humor tradicional da Marvel Studios, onde Cox por mais que use em boa parte da atração (a atriz igual a personagem pouco fala) a linguagem de sinais, tem um trabalho corporal incrível e consegue entregar e apresentar uma certa acidez em seus comentários bem interessantes. O mesmo vale para o primo doidão Biscuits (Cody Lightning, ótimo) e Skully (Graham Greene) o dono de uma loja que funciona como uma espécie de avó para Maya e que serve também como uma espécie de guia espiritual mais velho para a protagonista.

Assim, a série consegue mesclar tudo isso e entregar uma grande, pesada, e interessante história, sem dúvidas e que definitivamente é ajudada pelo formato do lançamento escolhido pela Marvel Studios de lançar todos os episódios de uma vez só na mesma noite.

No final, Echo parece levar seu tempo para contar a história de Maya Lopez, mas faz isso com calma, e não se preocupa em colocar todas as cartas na mesa logo de uma vez. A produção acerta ao usar seus artifícios aos poucos, mas não os faz de muleta, para manter o espectador causal da Marvel investido nessa história de uma jovem surda, com uma perna mecânica e com origem indígena.

E faz isso enquanto dá em pequenas doses um pouco da violência vista nos seriados antigos pré-Disney+ e aparições de personagens queridos. Aqui, com Echo, todo mundo sai ganhando. Menos quem apanha no seriado, claro.

Todos os episódios de Echo estão disponíveis tanto no Disney+ quanto no Star+.

Fonte: R7 – Cinema

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