Na véspera, a moeda norte-americana teve alta de 1,16%, cotada em R$ 5,4534. Já o principal índice acionário da bolsa encerrou em queda de 0,25%, aos 122.331 pontos
O dólar opera em alta nesta quarta-feira (25), dia em que o mercado analisa os novos dados da prévia da inflação brasileira para junho. A alta de preços foi de 0,39% em junho, abaixo das expectativas do mercado financeiro, mas com alta em preços de alimentos e núcleo de serviços preocupante.
Também repercute uma entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que ele volta a criticar a decisão de juros do Banco Central do Brasil (BC) e relativiza a necessidade de cortar gastos. Na véspera, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou que os membros vão adotar um discurso mais cauteloso sobre a condução da taxa básica de juros, a Selic, em meio às incertezas sobre a inflação e a economia global. (saiba mais abaixo)
Além disso, o cenário no exterior segue incerto, em especial após uma declaração de uma diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que também reiterou que os juros americanos devem permanecer altos por mais tempo. O mercado espera dados de inflação americana na sexta-feira para reafirmar essa posição.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Às 13h16, o dólar operava em alta de 1,05%, cotado a R$ 5,5109. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,5216. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda norte-americana avançou 1,16%, cotado a R$ 5,4534.
Com o resultado, acumulou:
- alta de 0,23% na semana;
- ganho de 3,89% no mês;
- alta de 12,38% no ano.
Variação do dólar em 2024
Cotação de fechamento, em R$
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa operava em queda de 0,10%, aos 122.206 pontos.
Na véspera, o índice fechou em queda de 0,25%, aos 122.331 pontos.
Com o resultado, acumulou:
- alta de 0,82% na semana;
- ganhos de 0,19% no mês;
- perdas de 8,83% no ano.
Variação do Ibovespa em 2024
Pontuação de fechamento
O que está mexendo com os mercados?
A principal notícia desta quarta-feira é o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — considerado a prévia da inflação oficial do país, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A prévia da inflação registrou uma alta de 0,39% nos preços de junho. A expectativa do mercado financeiro era de que o IPCA-15 tivesse uma alta de 0,45% em junho.
O índice foi puxado principalmente pela alta de 0,98% no grupo de Alimentação e bebidas, com um impacto de 0,21 ponto percentual (p.p.) no indicador.
“O grupo alimentação no domicílio é o mais afetado pelas enchentes do RS, nele observamos a elevação de itens in natura e leite”, diz Leonardo Costa, economista do ASA.
No mês passado, em maio, o indicador registrou um avanço de 0,44%, uma aceleração de 0,23 pontos percentuais (p.p.) em relação a abril, quando teve alta de 0,21%.
Em 12 meses, porém, o IPCA-15 acumulou uma ata de 4,06% até junho, acima dos 3,70% observados nos 12 meses anteriores.
“Foi um resultado com qualitativo não muito bom, pois os preços de serviços subjacentes — que importam bastante à condução da política monetária — se aceleraram para níveis acima do esperado [0,31% para 0,40%]”, diz Maykon Douglas, economista da Highpar.
“Os preços se desaceleraram quando se anualiza as variações mais recentes, ou seja, variam um pouco menos do que vimos no início do ano. No entanto, o qualitativo recente da inflação segue exigindo atenção, uma vez que o mercado de trabalho continua aquecido e surpreendendo para cima.”
Para o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, a leitura geral é de uma inflação “salgada” em um momento que o dólar ganha força mesmo contra moedas de países desenvolvidos.
“A expectativa para esse ano já está quase em 4%. O BC vai ter uma vida difícil para controlar a inflação nos próximos meses, dado que a economia está mais aquecida, o mercado de trabalho está mais apertado e o câmbio está mais desvalorizado. […] Um câmbio de R$ 5,50 é muito mais inflacionário que um câmbio de R$ 5”, diz.
Ainda durante a manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a condução dos juros por parte do Banco Central (BC) em entrevista ao portal “Uol”. Esse é um tema sensível para o mercado, que aguarda saber quem será o sucessor de Roberto Campos Neto na cadeira da presidente da instituição no ano que vem.
Sobre Gabriel Galípolo, diretor do BC indicado por seu governo e um dos mais cotados para a posição, Lula disse que “é um companheiro altamente preparado, conhece sistema financeiro. Mas ainda não estou pensando na questão do Banco Central.”