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segunda-feira, novembro 25, 2024

Disponível no SUS, acupuntura ajuda a aliviar cólicas menstruais

RAÍSSA BASÍLIO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O período menstrual é uma fase muito particular que cada mulher sente de uma forma diferente. Um dos sintomas mais comuns e desconfortáveis é a cólica menstrual, a dismenorréia, que é caracterizada por uma dor pélvica que surge no início da menstruação e pode durar até o término do fluxo. Além de analgésicos e bolsas de água quente, há terapias não convencionais para o alívio do sintoma, e a acupuntura é uma delas.

A prática milenar da medicina tradicional chinesa é amplamente utilizada para uma variedade de condições, inclusive a cólica. Os profissionais que aplicam esta técnica dizem que a acupuntura estimula pontos específicos por meio da inserção de agulhas finas que ajudam a relaxar os músculos do útero, reduzir a inflamação e melhorar o fluxo sanguíneo, aliviando as dores.

Regina Ares, médica acupunturista do Núcleo de Cuidados Integrativos do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, esclarece que o método atua no alívio da dor associada à cólica menstrual ao reorganizar a energia do corpo, conhecida como Chi.

“A diferença entre a medicina tradicional chinesa, em geral, e alopatia é que essa trata o sintoma e a medicina chinesa trata a causa. Os tratamentos se complementam”, diz Ares. Ao harmonizar os meridianos, canais de energia do corpo, a acupuntura oferece um tratamento focado na reorganização hormonal e do próprio corpo.

Os pontos de acupuntura mais comumente utilizados para tratar cólicas menstruais estão localizados na região abdominal, nas pernas e nos pés. “Se eu não encontrar a raiz do problema, não consigo tratar a manifestação, que é o sintoma. Não é uma sessão de acupuntura que vai resolver a questão, é preciso de mais para harmonizar o corpo e fazê-lo trabalhar de modo que você tenha uma melhora dos sintomas”, explica.

A frequência e a duração da acupuntura variam, mas geralmente são necessários meses para alcançar equilíbrio e alívio duradouro.


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“Há uma individualização dos pontos que a gente seleciona para cada pessoa porque levamos em conta não só os sintomas da cólica, mas também o que cada um está sentindo na hora e todo seu histórico”, afirma Rosiane Aparecida Turim Gomes Pinho, médica especialista em acupuntura pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Visando esse cuidado integral, recentemente, ela tratou uma paciente com endometriose e a resposta foi bastante positiva. Em 2023, a médica veterinária integrativa Tatiane Tie Hato recebeu um diagnóstico equivocado de suspeita de um câncer no pâncreas.

“Eu nunca tive aqueles sintomas comuns de endometriose [podem ser dores pélvicas, ciclos menstruais irregulares, entre outros]. Minha menstruação sempre foi tranquila. Após o diagnóstico, passei em uma médica ginecologista e ela indicou o tratamento, talvez o padrão, que é concepcional. Em alguns meses, provavelmente, faria uma cirurgia. Fiquei assustada e resolvi procurar outros caminhos”, conta Hato.
Na época, ela passou pela acupuntura e pela osteopatia, uma terapia alternativa que busca conectar a estrutura e a função do corpo.

“Fiz tratamento com acupuntura e nutrólogo, mudando a minha alimentação. Busquei todos os caminhos, dentro do que fazia sentido para mim. Clinicamente, melhorei muito. Nunca mais tive crises de dores, daquelas que você fica com a pressão baixa, de quase desmaiar”, diz.


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Sem os desconfortos, Hato observa que, em alguns meses, nem notava que ficaria menstruada. No entanto, quando passava por momentos em que estava mais preocupada, notava um incômodo, mas que não se comparava às dores que sentia antes. A acupuntura também beneficia sintomas de TPM (tensão pré-menstrual) e aspectos mentais, como ansiedade e estresse.

“Eu sempre soube que não era uma coisa que se resolveria em duas sessões. Acredito que o sintoma físico também está muito relacionado ao emocional”, diz Hato. Ela retornará ao ginecologista para ver se ainda é necessário uma cirurgia. “Estou para repetir os meus exames, mas meu corpo diz que sim, está tudo bem, porque eu nunca mais senti aquelas dores terríveis.”

“A própria OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda acupuntura para dismenorreia desde o começo dos anos 2000”, explica a médica Rosiane Aparecida Turim Gomes Pinho.

Segundo as duas especialistas consultadas, não há restrições conhecidas para a acupuntura. O tratamento pode ser adaptado a condições específicas e realizado gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). “Não há nenhuma contraindicação formal, mas evitamos fazer em pontos do corpo que estão com ferimentos ou com inflamações”, afirma a médica.


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Os tratamentos de acupuntura estão disponíveis para pacientes de todas as idades, sendo oferecidos gratuitamente pelo SUS. Para usar a terapia chinesa, é possível procurar as unidades de saúde que oferecem esse serviço por meio da plataforma Busca Saúde. Na capital paulista, o site é buscasaude.prefeitura.sp.gov.br.

Fonte: R7 – Brasil

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