Estratégia é importante para monitoramento de casos da doença e para evitar a proliferação do Aedes aegypti
Dezoito regiões administrativas do Distrito Federal já têm armadilhas para o combate à dengue. Conhecidas como ovitrampas e fundamentais para o monitoramento da infestação do mosquito Aedes aegypti, essas armadilhas simulam criadouros e permitem coletar ovos.
De acordo com o subsecretário de Vigilância à Saúde, da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), Fabiano dos Anjos, as armadilhas são mais uma estratégia para o combate ao mosquito transmissor da dengue. “A Secretaria de Saúde tem reforçado, além das ações de visita casa a casa e orientações quanto à eliminação de criadouros de mosquitos, diversas iniciativas como a implementação das ovitrampas. Essas armadilhas são capazes de, além de direcionar as ações da SES-DF, eliminar esses ovos do ambiente”, afirma.
Equipes da Secretaria de Saúde (SES-DF) já instalaram ovitrampas em residências e estabelecimentos comerciais em Água Quente, Brazlândia, Candangolândia, Ceilândia, Cruzeiro, Estrutural, Gama, Guará, Lago Sul, Núcleo Bandeirante, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Riacho Fundo II, Samambaia, Santa Maria, Sobradinho, Taguatinga e Itapoã. As regiões de São Sebastião e Varjão são as próximas, e o planejamento é de que todas as RAs tenham ovitrampas.
De acordo com o biólogo da Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS), Israel Moreira, as ovitrampas direcionam as ações de combate por meio de um melhor monitoramento da infestação de mosquitos. “As armadilhas permitem verificar onde há mais mosquitos na cidade. A quantidade de ovos coletados é utilizada na criação de mapas que indicam as quadras mais infestadas da cidade e as ações de prevenção e controle são realizadas prioritariamente nessas áreas”, explica.
Como funcionam
As ovitrampas são compostas por um pote preto com água e levedo de cerveja, além de um pequeno pedaço de placa de fibra de madeira (o material das pranchetas). É nessa placa — chamada de paleta — em que os mosquitos colocam os ovos. Embora as armadilhas pareçam um criadouro de mosquitos, elas são seguras, pois recebem inseticida para impedir o desenvolvimento de larvas.
“Esse tipo de armadilha, diferentemente da coleta de larvas do mosquito, é bastante sensível. Ou seja, permite detectar baixas infestações nas cidades. Na estação seca, por exemplo, enquanto o agente de vigilância tem certa dificuldade em encontrar larvas, as armadilhas conseguem apontar a presença de mosquitos adultos”, detalha o especialista. Além disso, a ovitrampa serve para indicar a quantidade de ovos produzida por área e ajuda a removê-los do ambiente.
Após sete dias, os agentes de vigilância ambiental retornam ao local onde as armadilhas foram instaladas, retiram a paleta, lavam os recipientes e inserem uma nova paleta. O material colhido é levado para o laboratório, onde é realizada a contagem do número de ovos.
“A ajuda da população é essencial, pois as armadilhas são instaladas nos quintais e áreas de serviço das residências e de outros imóveis”
Israel Moreira, biólogo
Geralmente, as ovitrampas são instaladas até a altura máxima de 1,5 metro do chão, em local sombreado e abrigado da chuva, longe do alcance de crianças e animais domésticos. Por isso, o profissional alerta que a eficácia das armadilhas requer atenção especial da comunidade. “A ajuda da população é essencial, pois as armadilhas são instaladas nos quintais e áreas de serviço das residências e de outros imóveis”, sinaliza.
Na casa da moradora do Núcleo Bandeirante, Maria Auxiliadora Cândida, 82 anos, a armadilha já está instalada há cerca de dois anos, perto das plantas e escondida, para que o gato de estimação não beba a água. Para a idosa, a armadilha é também uma forma de proteção para a própria residência. “Pelo menos a nossa casa, a gente protege. Se os outros não fazem a parte deles, a gente faz”, comenta.
No DF, as armadilhas podem ser instaladas a cada 100, 200 ou 300 metros, dependendo do tamanho da população, o que significa que também podem ser inseridas em comércios. Há dois meses, as ovitrampas estão no Mercadão do Núcleo Bandeirante, colhendo os ovos do mosquito da dengue. Para o síndico do estabelecimento, Tiago Bruno Torres, 39, a medida é uma forma de prevenção e de combate. “Quanto mais a gente prevenir e saber em quais locais a dengue pode estar, mais a gente pode agir. Não podemos correr o risco de alguém pegar a doença. É uma excelente estratégia”, comenta.
*Com informações da Secretaria de Saúde