Um vídeo publicado originalmente pelo deputado federal Capitão Alberto Neto (PL-AM) em 9 de janeiro do ano passado voltou a circular nas redes sociais e em aplicativos de mensagens. No material, o parlamentar resgata, com base em conteúdos produzidos originalmente pela TV Globo, a ocasião em que militantes da esquerda, de movimento sem-terra e ao menos uma figura ligada à direção do Partido dos Trabalhadores (PT) invadiram o Congresso Nacional.
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No vídeo, Alberto Neto demonstra a incoerência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em discurso um dia depois das manifestações realizadas na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, o petista afirmou que jamais um partido da esquerda havia invadido alguma sede de Poder.
“Nunca vocês vão ver uma notícia de que algum partido de esquerda, de algum movimento de esquerda, invadisse [sic] o Congresso Nacional, a Suprema Corte e o Palácio do Planalto”, disse Lula, depois dos atos ocorridos no início do ano passado. “Não tem precedente na história do nosso país.”
Com fatos, o deputado do PL lembrou: há precedente, diferentemente do que o presidente da República afirmou. O parlamentar resgatou o episódio em que, em 6 junho de 2006, um grupo de militantes do autodenominado Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) invadiu a Câmara dos Deputados. Houve depredação e até segurança ferido, ensanguentado. Conforme a imprensa, o ato de vandalismo teve comando de Bruno Maranhão, petista que, com apoio pessoal de Lula, chegou a ser candidato a prefeito do Recife em 1985.
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Bruno Maranhão, que liderava o MLST e chegou a ser dirigente nacional do PT, morreu em janeiro de 2014, aos 74 anos.
Como a imprensa noticiou a invasão do Congresso por militantes da esquerda?
No material que voltou a circular, o deputado Capitão Alberto Neto destaca, inclusive, como noticiários da TV Globo, do Jornal Nacional ao Jornal da Globo, registraram o caso que teve militantes sem-terra e um dirigente do PT como protagonistas. Ao abordar o tema, o âncora William Bonner definiu o caso promovido pela esquerda em 2006 como “atentado à democracia”. William Waack, por sua vez, falou em “grupo sem lei”.
Além de ganhar vez em aplicativos de mensagens, como WhatsApp, o vídeo divulgado originalmente por Alberto Neto em 9 de janeiro de 2023 viralizou nas redes sociais. No TikTok, o post acumula 500 mil visualizações. Pelo Instagram, o mesmo material contabiliza 171 mil views.
A invasão do Congresso Nacional — onde funcionam a Câmara dos Deputados e o Senado Federal — por militantes da esquerda em junho de 2006 também foi notícia na imprensa escrita. O jornal Folha de S.Paulo informou que os militantes “protagonizaram um dos maiores atos de vandalismo” da história do Poder Legislativo brasileiro. Em outra reportagem, a publicação avisou que o MLST já tinha invadido o prédio do Ministério da Fazenda, em 1997.
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O portal g1 definiu o caso de 17 anos atrás como “vandalismo”. “Manifestantes destruíram salas, quebraram equipamentos e feriram funcionários do Congresso Nacional”, prosseguiu o site, ao informar a invasão promovida por sem-terra e petistas.
Em 9 de junho de 2006, o jornal Gazeta do Povo já informava que o episódio teve desfecho diferente das manifestações de janeiro de 2023. Isso porque na ocasião ocorrido há mais de uma década, 540 manifestantes já haviam sido soltos da prisão — graças à decisão de uma juíza da 10ª Vara Federal de Brasília. Três dias depois da depredação, somente 42 seguiam detidos. Não há registro de que algum dos invasores e depredadores tenha sido condenado a 17 anos de prisão, como tem ocorrido com réus do 8 de janeiro de 2023.
De acordo com a Agência Senado, a depredação de junho de 2006 resultou em 35 feridos e prejuízo de R$ 102 mil. Mesmo assim, segundo Lula, o 8 de janeiro de 2023 “não teve precedentes” na história do Brasil.
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