O Distrito Federal passa por um período de alta nos casos de dengue. Resultado do último boletim epidemiológico, mostrou 46,2 mil casos notificados da doença, sendo que a faixa etária de 0 a 14 anos correspondeu a 6.420 ocorrências prováveis. Em crianças, a dengue pede atenção redobrada de pais e responsáveis na observação de mudanças tanto físicas e comportamentais.
Os sintomas de dengue no público infantil são semelhantes aos observados nos adultos. Geralmente a doença aparece por meio de febre, dor de cabeça (atrás dos olhos), dores no corpo, fadiga, fraqueza, manchas, erupções e coceiras na pele. O desafio em identificar reside nos casos dos mais novos, como bebês, que ainda não sabem se comunicar. Nessas situações, segundo Fabrício Nunes da Paz, Referência Técnica Distrital em Pediatria da Secretaria de Saúde (SES-DF), é preciso verificar se a criança está mais quieta, se aceita menos líquido ou o seio materno e se a urina diminuiu.
Em ocorrências severas, o pediatra alerta para dores e sangramentos importantes. A recomendação é buscar ajuda médica imediatamente. “Os sinais de alarme mais comuns são dores muito intensas, principalmente abdominal. Em crianças menores ou que não se comunicam, os sintomas se refletem em irritabilidade e choro contínuo, vômitos persistentes, sangramentos de mucosa, como nariz e gengiva, ou nas fezes.”
Confirmação da doença
O diagnóstico em pacientes pediátricos é baseado, de acordo com a infectopediatra Sylvia Freire do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), na identificação dos sintomas, levando em conta o contexto epidemiológico. A confirmação pode vir de testes laboratoriais específicos, como isolamento viral, técnicas de PCR e sorológicos.
Para crianças com dengue, assim como para adultos, a febre pode ser controlada com o uso de paracetamol ou da dipirona. O AAS (ácido acetilsalicílico) e os anti-inflamatórios são contraindicados. Além disso, é fundamental que a criança seja incentivada a ingerir bastante líquido. “Não há medicamento com ação antiviral para combater a doença. Portanto, o tratamento consiste no uso de remédios sintomáticos e na oferta de hidratação conforme a necessidade do paciente”, reforça a especialista.
Já os usuários que não apresentam sintomas graves e não possuem condição de saúde especial, comorbidades ou risco social, o tratamento é realizado por meio da hidratação via oral e a prescrição de analgésicos, sendo necessária uma reavaliação clínica de 24h a 48h. “Nesse contexto, ressalto que a idade menor de 2 anos é considerada uma condição de saúde especial, devido ao maior risco de agravamento”, indica Freire.
Como prevenir
A melhor forma de prevenção da dengue é a erradicação do mosquito vetor da doença, o Aedes aegypti. Assim, é fundamental cuidar do ambiente e da comunidade em que se vive, evitando o acúmulo de água e, consequentemente, os focos de proliferação das larvas. Vasos de plantas, sanitários sem tampa, ralos sem tela protetora, baldes, garrafas, pneus, água atrás da geladeira e ar condicionado são objetos que precisam ser monitorados.
Uma outra forma de proteção são os repelentes, cujo uso é permitido em crianças, desde que seja observada a faixa etária adequada indicada no produto. Em adição, é necessário ainda que os pais mantenham o cartão de vacinação infantil atualizado, uma vez que a faixa etária a ser priorizada para receber o imunizante da dengue será de 6 a 16 anos.
Onde buscar atendimento
Ao observar sintomas leves da doença, a pessoa deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBSs) de referência. As estruturas desses espaços foram adaptadas para realizar hidratação venosa, se necessário. Caso haja sinais mais graves, os pacientes serão encaminhados às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ou aos hospitais regionais.
Além das UBSs e das UPAs, o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da SES-DF, instalou tendas de acolhimento à população, das 7h às 19h, em nove regiões do DF: Ceilândia (P Sul), Samambaia, Sol Nascente, Brazlândia, Taguatinga, Santa Maria, Recanto das Emas, São Sebastião, Estrutural e Sobradinho.