A turminha cresceu. Depois de dois longas-metragens e uma série voltada para o universo infantil da galerinha do bairro do Limoeiro, agora os personagens criados pelo quadrinista Mauricio de Sousa voltam às telonas um pouco mais crescidinhos, com o filme ‘Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo’, grande estreia da semana nos cinemas brasileiros.
Mônica (Sophia Valverde) está prestes a se afastar de seus queridos amigos por dois meses, e tem medo de que alguma coisa mude enquanto estiver longe. Por isso, faz um pacto com Cebola (Xande Valois), Cascão (Theo Salomão), Magali (Bianca Paiva) e Do Contra, que agora se chama DC (Yuma Ono). Quando retorna às aulas, porém, uma preocupante novidade pega a todos de surpresa: o museu do bairro será leiloado para saldar dívidas do professor Licurgo (Mateus Solano). Então, a turma se une para fazer algo a respeito, mas acabam batendo de frente com Carmem (Giovanna Chaves), que está em disputa pela presidência do grêmio com Mônica. No meio disso tudo, um cometa atravessa os céus e abre um portal através do qual o desejo de Mônica se realiza sem querer quando a jovem está na casa de Magali enquanto a amiga estuda feitiços da Ordem dos Cozinheiros.
O diretor Maurício Eça assume a responsabilidade de construir o mundo desses jovens já crescidos. Neste novo ‘Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo’ os temas são mais complexos, abordando questões emocionais e psicológicas dos personagens. Talvez até por isso o diretor não se debruce demais nesses temas para não tornar o filme dramático demais; ao revés, opta por tons de terror e suspense fantástico para contar uma história um tanto quanto inédita para esses personagens, uma vez que Magali agora é uma aprendiz de feiticeira e Cebola já demonstra mais seus sentimentos por Mônica. Agora no Ensino Médio, sai o mote do cãozinho desaparecido e entra o medo que cada um sente.
Sophia Valverde deixa de lado suas personagens angelicais de sua carreira e encara o desafio de dar vida a uma Mônica mais forte, que lida com impulsos da raiva e que ao mesmo tempo tem seus momentos de doçura. Com participação especial de Eliana Fonseca (que participou dos filmes anteriores) e Maria Bopp, o destaque na nova produção é o protagonismo que Magali ganha no desenvolvimento e na resolução do enredo inspirado nos mangás. O roteiro original de Sabrina Garcia, Rodrigo Goulart e Regina Negrini abre caminho para a cientista mirim Milena, a quem a jovem atriz Carol Roberto imprime carisma e personalidade.
Chama a atenção o vasto uso de efeitos especiais (algo sempre surpreendente no cinema brasileiro) e a combinação da fotografia (Marcelo Corpanni) com a arte (Fernando Zuccolotto) em harmonia especialmente nas cenas de ambiente fechado (o sonho de Carmem, a biblioteca, a casa de Magali).
‘Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo’ abraça muitos temas e muitas histórias, abrindo portas que dão a entender que serão desenvolvidas futuramente. É um filme voltado ao público que leu os mangás e entende de que os personagens estão falando ou o que fica subentendido em algumas cenas, pois o panorama geral não é apresentado ao espectador – na verdade, o filme meio que começa como se algo já tivesse acontecido antes, mas não é mostrado, e isso ocorre algumas vezes ao longo da hora e meia de projeção. Alguns personagens queridos pelo público ganham rosto e fala – como DC, Jerê (Bruno Vinícius) e Titi (Lucas Pretti) –, mas faltou espaço na trama para que eles se desenvolvessem mais. Por outro lado, são justamente os personagens que deixam uma brecha para uma possível continuação (e, pelos pós-créditos, tudo indica que teremos sim outro filme) e que a nova história será mais centrada nesses coadjuvantes, o que é uma boa notícia para os fãs, pois, assim, o universo criado por Mauricio de Sousa se expande ainda mais – que é o que nós, espectadores, mais queremos ver nas telonas!
