Presença feminina nessa área reforça a participação das mulheres em funções altamente especializadas da Força Naval
A Segundo-Sargento (Telecomunicações) Grasiele Pereira Iliadis tornou-se, neste ano, a primeira mulher qualificada para integrar o serviço de radiogoniometria da Marinha. Atualmente servindo na Estação Radiogoniométrica da Marinha, em Rio Grande (RS), a militar contribui para as atividades de inteligência operacional, segurança marítima das águas jurisdicionais brasileiras e defesa da soberania nacional.
A radiogoniometria é uma técnica utilizada para determinar a direção de uma fonte emissora de radiofrequência (RF), no caso da Marinha, dentro do espectro de HF (Alta Frequência). O serviço funciona por meio da Rede de Radiogoniometria de Alta Frequência (RRGAF), que é composta por quatro Estações Radiogoniométricas que se comunicam entre si, utilizando o Sistema Integrado de Radiogoniometria (SIR). Essas estações monitoram as comunicações na faixa de HF e são capazes de determinar a posição da fonte emissora, contribuindo para a localização de ativos de interesse e, consequentemente, para a Segurança Marítima das águas jurisdicionais brasileiras.
A Agência Marinha de Notícias (AgMN) entrevistou a Segundo-Sargento Grasiele para saber mais sobre a trajetória dela na Força Naval. Confira:
AgMN: Como se sente sendo a primeira mulher a integrar o serviço de radiogoniometria da Marinha?
Sargento Grasiele: É uma grande satisfação. Sinto-me honrada em colaborar e agregar valor ao meio operativo das Comunicações Navais.
AgMN: Conte-nos mais sobre a sua história de vida. Como foi sua infância e como ingressou na Marinha?
Sargento Grasiele: Sou natural de Pelotas (RS) e relembro de todo esforço e perseverança em busca do meu sonho de ingressar na Marinha do Brasil. Desde a minha infância, eu já observava a dedicação e a disciplina do meu pai, hoje militar da reserva, que contribuiu na minha criação e na construção de valores. Sempre senti muito orgulho da profissão dele. Concluí meus estudos no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense (IFSul) e recebi o diploma de Técnico em Sistemas de Telecomunicações. Minha família sempre me deixou à vontade para realizar minhas escolhas. Todos ficaram extremamente felizes e orgulhosos quando fui aprovada no concurso para a Marinha do Brasil e me deram todo apoio e força necessários para trilhar esse novo desafio.
Com 23 anos, precisei deixar o convívio da família para realizar o sonho de ingressar na carreira militar, uma herança passada de pai para filha. Então, ingressei na Marinha, em 2011, por meio do Concurso do Corpo Auxiliar de Praças (CAP) e, após a conclusão do curso de formação de Cabos, passei a residir no estado do Rio de Janeiro.
AgMN: Como foi sua trajetória na Marinha até chegar na área da radiogoniometria?
Sargento Grasiele: Na graduação de Cabo, servi no Centro de Tecnologia da Informação da Marinha, atuando na Central de Suporte das Redes de Comunicações Integradas da Marinha prestando suporte às organizações militares da Força.
Na graduação de Terceiro-Sargento servi na Diretoria de Ensino da Marinha e no Serviço de Seleção do Pessoal da Marinha, onde exerci a função de Auxiliar da Divisão
de Desenvolvimento e Manutenção de Sistemas, em que atuei em diversas tarefas atinentes ao Serviço de Tecnologia da Informação (STI) sendo a responsável pelo Gerenciamento de Sistemas Digitais.
Atualmente, na graduação de Segundo-Sargento, e pelo fato de ter a especialidade de Telecomunicações, fui designada para atuar na área de radiogoniometria, sendo este um dos serviços operativos prestados pelas especialidades de Comunicações Navais (CN) e Telecomunicações (TC) na Estação Radiogoniométrica da Marinha, em Rio Grande (RS).
AgMN: Qual função desempenha atualmente e como é a sua rotina de trabalho?
Sargento Grasiele: Operacionalmente, nos dias de efetivo serviço, exerço a função de Supervisora de Serviço do Posto de Monitoragem (PMO), que, por meio do SIR, realiza o monitoramento de todo espectro de HF envolvendo a busca, a localização e a interceptação de comunicações de interesse para a Marinha do Brasil, contribuindo para a elaboração de dados de Inteligência Operacional.
Administrativamente, desempenho a função de Auxiliar do Administrador da Rede Local, estando subordinada ao Encarregado do Serviço de Tecnologia da Informação, exercendo tarefas operacionais relativas a TIC.
Eu atuo na Estação Radiogoniométrica da Marinha no Rio Grande desde o final de janeiro de 2024 e a função de Supervisora de Serviço do PMO estou exercendo desde março.
AgMN: Você poderia deixar uma mensagem para todas as mulheres que sonham em ingressar na Marinha?
Sargento Grasiele: Sim. Acredito que independente da função exercida, as mulheres têm apresentado capacidade, habilidade e competência para desempenhar com êxito as diversas atribuições.
Se você tem o sonho de servir a Marinha, siga esse sonho com determinação e coragem. Não importa os desafios que possam surgir no caminho, lembre-se de que você é capaz de superá-los com dedicação, disciplina e perseverança.
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Fonte: Agência Marinha de Notícias
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