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quinta-feira, dezembro 26, 2024

Conheça a história de Luiza Trajano Donato, a visionária por trás do Magazine Luiza – Brasil

Tia da empresária Luiza Helena Trajano faleceu em casa. Ela fundou a primeira loja do grupo em 1957, em Franca. Hoje, a rede tem mais de mil lojas no país

A fundadora do grupo Magazine Luiza, Luiza Trajano Donato, morreu na madrugada desta segunda-feira, em Franca (SP). Ela tinha 97 anos e morreu em casa por causas naturais. O velório ocorreu nesta manhã no Velório São Vicente e o enterro está previsto para as 16h no Cemitério da Saudade.

Nascida em Cristais Paulista (SP), Luiza Donato é tia da empresária Luiza Helena Trajano, atual presidente do Conselho de Administração do grupo. Ela nasceu em 20 de setembro de 1926, no seio de uma família de comerciantes.

Casou-se com Pelegrino José Donato e, aos 31 anos, comprou seu próprio negócio com o marido, em uma época em que as mulheres eram criadas para se dedicarem, exclusivamente, à casa e à família.

A loja, adquirida em 16 de novembro de 1957, chamava-se Cristaleira e era localizada no centro de Franca (SP). Foi o primeiro passo para a construção de uma das maiores redes de varejo do país. Hoje, o grupo tem 1.481 lojas em 21 estados, além de seis marcas on-line: Netshoes, Zattini, Shoestock, Época Cosméticos, Estante Virtual e KaBuM!.

Primeira loja do Magazine Luiza, em Franca — Foto: Acervo Magalu
Primeira loja do Magazine Luiza, em Franca — Foto: Acervo Magalu

Concurso para escolha do nome da loja

O sonho do casal de vendedores Luiza e Pelegrino Donato era constituir um comércio que gerasse emprego para toda a família na cidade. Para escolher um novo nome para o negócio, os fundadores criaram um concurso numa rádio local, convidando os clientes a participarem com sugestões.

Como Luiza era uma vendedora muito popular na cidade, os ouvintes escolheram o seu nome. Assim, surgia o Magazine Luiza.

Em 1976, com a aquisição das Lojas Mercantil, o Magazine Luiza abriu as primeiras filiais em cidades do interior de São Paulo. Sete anos depois, em 1983, o grupo iniciou sua expansão para cidades do Triângulo Mineiro.

Novo comando e digitalização

 

Em 1991, o grupo iniciou um novo ciclo, com Luiza Helena Trajano , sobrinha da fundadora, assumindo o comando da empresa. Um ano depois, as primeiras lojas virtuais da varejista foram inauguradas. O site www.magazineluiza.com.br foi criado em 2000.

Houve um intenso processo de digitalização e, hoje, o marketplace do grupo soma 230 000 sellers. Há ainda a plataforma de delivery AiQFome. O aplicativo do Magalu é acessado por mais de 45 milhões de usuários ativos mensais.

Bilhete na passagem de bastão

 

A passagem de bastão para a sobrinha começou com um bilhete escrito à mão. “Logo vou completar 62 anos. Estou ficando velha. Acho melhor você assumir o Magazine”, escreveu ela no papel repassado, em 1991, à Luiza Helena Trajano.

 

As duas eram muito próximas. Até mesmo o nome de Luiza Trajano teve a mão de Luiza Donato. O ano era 1948, e já estava decidido que Luiza Helena se chamaria Sonia. O pai de Luiza esteve prestes a ir ao cartório, mas a tia sugeriu ao cunhado que ela se chamasse Heloisa Helena, nome de uma cliente da tia, que na época já trabalhava no comércio.

Quando retornou do cartório, o pai de Luiza comunicou que havia decidido fazer uma homenagem a Luiza Donato, registrando a filha de Luiza Helena.

Luiza Trajano Donato, fundadora do Magazine Luiza, quando jovem — Foto: Acervo Magalu
Luiza Trajano Donato, fundadora do Magazine Luiza, quando jovem — Foto: Acervo Magalu

“Parecia que eu era a sequência dela, a única pessoa que ela ouvia” , disse a sobrinha Luiza Helena, ao comentar sobre a tia para Pedro Bial, que escreveu o livro ‘Luiza Helena, Mulher do Brasil’.

“Ela sabia manejar a família para não brigar, e na empresa, já tinha o vendedor como estrela da loja”, disse ao jornalista a atual presidente do conselho do grupo.

Valores que pavimentaram a cultura da empresa

Muitos dos valores que hoje regem os mais de 30.000 colaboradores do Magalu são reflexo do jeito de pensar e de agir de sua fundadora. Reza a lenda que Luiza Donato contava elásticos, grampos, cuidava até do papel e fitas adesivas das embalagens. Quando se gastava demais, dava bronca.

Foi assim que ela deu as boas-vindas aos funcionários das primeiras 50 lojas abertas simultaneamente na cidade de São Paulo, em 2008:

“Quero pedir a vocês, como boa vendedora que fui, para sempre atender o freguês da melhor maneira possível, sem olhar se ele é branco, preto, pobre, rico, bonito ou feio. Atender com todo carinho, não importa se um esteja usando salto e outro chinelo de dedo. Atender com educação, não tapear o cliente, não mentir de jeito nenhum. Se vocês quiserem crescer na vida, sejam sempre sinceros e honestos.”

Fachada de loja da Magazine Luiza — Foto: Divulgação
Fachada de loja da Magazine Luiza — Foto: Divulgação

O episódio é lembrado em nota divulgada nesta segunda-feira pelo Magalu.

“Tia Luiza tinha uma energia quase inesgotável para o trabalho. Não importava se a tarefa a ser feita era empacotar um produto ou descarregar um caminhão de mercadorias. Era uma vendedora apaixonada, que conhecia as necessidades, os gostos e as possibilidades de seus clientes. Cada um deles era e deveria ser tratado como alguém especial, como a razão de ser do negócio”, diz a nota.

Rumo à Bolsa

Em 2010, a varejista chegou ao Nordeste, com a aquisição da rede Lojas Maia, com 136 unidades. No ano seguinte, a companhia passou a ser listada na B3. No mesmo ano, adquiriu a rede Baú da Felicidade, do apresentador e empresário Sílvio Santos.

O Magalu também fez parceria com o Itaú Unibanco, com a criação do Luizacred. Em nota, o CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, lamentou a morte da fundadora do grupo:

“Recebemos com profundo pesar a triste notícia do falecimento de Luiza Trajano Donato. Mulher visionária e à frente do seu tempo, Luiza deixa como legado o exemplo de empreendedorismo e competência de quem criou e liderou uma das principais empresas de varejo do país. Em nome de todos os colegas do Itaú Unibanco, expresso nossos sentimentos aos familiares e amigos da Luiza.”

Luiza Donato não deixa filhos.

Homenagem

Em seu perfil na rede social X, Luiza Helena Trajano, sobrinha da fundadora, lamentou a morte. “Gente, hoje, com muita tristeza, nos despedimos da Tia Luiza, uma das maiores referências na minha vida, pelo seu exemplo de força, trabalho e determinação! Obrigada por tudo! Te amo, Tia!”.

Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco, também comentou a morte da fundadora do Magazine Luiza em nota. “Recebemos com profundo pesar a triste notícia do falecimento de Luiza Trajano Donato. Mulher visionária e à frente do seu tempo, a Luiza deixa como legado o exemplo de empreendedorismo e competência de quem criou e liderou uma das principais empresas de varejo do país. Em nome de todos os colegas do Itaú Unibanco, expresso nossos sentimentos aos familiares e amigos da Luiza.”

A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy prestou homenagem à família da fundadora do Magazine Luiza. “Magazine Luiza emprega pessoas e, mais do que isso, apoia a sociedade brasileira com ações pela equidade de gênero, o não ao racismo estrutural e mais causas sociais. Tudo isso começou a partir da jornada de Luiza Trajano Donato!”.

Confira a íntegra da nota do Magalu:

“Morreu hoje, aos 97 anos, em Franca, no interior de São Paulo, Luiza Trajano Donato, fundadora do Magazine Luiza, uma das maiores plataformas de varejo do Brasil. Tia Luiza, como era mais conhecida, nasceu em 20 de setembro de 1926, no seio de uma família de comerciantes. Em uma época em que as mulheres eram criadas para se dedicarem, exclusivamente, à casa e à família, ela ousou ao batalhar para realizar o sonho de empreender.

Aos 31 anos, recém-casada com Pelegrino José Donato, seu companheiro de toda a vida, investiu a economia feita ao longo de anos de trabalho no varejo para comprar seu próprio negócio. A Cristaleira, uma loja de presentes localizada no centro de Franca, logo seria rebatizada pelos fregueses de Magazine Luiza, em homenagem àquela que era considerada a melhor vendedora da cidade. Nascia, assim, o Magalu, o grande legado deixado por Luiza Trajano Donato.

Muitos dos valores que hoje regem os mais de 30 000 colaboradores do Magalu são reflexo do jeito de pensar e de agir de sua fundadora. Tia Luiza tinha uma energia quase inesgotável para o trabalho. Não importava se a tarefa a ser feita era empacotar um produto ou descarregar um caminhão de mercadorias.

Era uma vendedora apaixonada, que conhecia as necessidades, os gostos e as possibilidades de seus clientes. Cada um deles era e deveria ser tratado como alguém especial, como a razão de ser do negócio.

Foi assim que Luiza deu as boas-vindas aos funcionários das primeiras 50 lojas abertas simultaneamente na cidade de São Paulo, em 2008: “Quero pedir a vocês, como boa vendedora que fui, para sempre atender o freguês da melhor maneira possível, sem olhar se ele é branco, preto, pobre, rico, bonito ou feio. Atender com todo carinho, não importa se um esteja usando salto e outro chinelo de dedo. Atender com educação, não tapear o cliente, não mentir de jeito nenhum. Se vocês quiserem crescer na vida, sejam sempre sinceros e honestos.”

Com sua narrativa simples, ela sintetizou a missão daquela que é hoje uma das maiores empresas do país: incluir, ao trabalhar para que o maior número possível de brasileiros tenham acesso a produtos e serviços que melhorem suas vidas.

Luiza Trajano Donato não teve filhos. Durante quase toda a vida dividiu amor, atenção e energia entre o Magazine Luiza e sua família. No início da década de 90, escolheu uma sobrinha – Luiza Helena Trajano – como sucessora à frente dos negócios. Na época, o Magalu era uma típica rede de varejo de eletroeletrônicos e móveis familiar, com lojas localizadas, principalmente, em cidades de São Paulo e Minas Gerais.

Sob o comando de Luiza Helena, hoje presidente do Conselho de Administração, o Magazine Luiza tornou-se uma varejista nacional, de capital aberto e dona de uma das culturas corporativas mais admiradas do país. A empresa criada por Tia Luiza demonstrou, ao longo de seus mais de 65 anos, uma incrível capacidade de se transformar, se renovar sem abrir mão de seus valores. E, assim, perenizar o sonho e cumprir a missão de sua fundadora.”

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