(FOLHAPRESS) – O entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou os ataques golpistas ocorridos nas sedes dos três Poderes há um ano.
Enquanto Michelle Bolsonaro postou uma homenagem a Cleriston Pereira da Cunha, réu dos ataques morto em novembro no Complexo Penitenciário da Papuda (DF), os filhos Carlos, Flávio e Eduardo adotaram estratégias que vão desde menosprezar a adesão da população a atos envolvendo a efeméride até afirmar que as manifestações ocorridas nesta segunda-feira (8) têm cunho político e servem para desgastar Bolsonaro.
Já o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, colocou em dúvida a atuação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes nos processos envolvendo os ataques após o magistrado afirmar que os golpistas planejavam matá-lo.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro postou, nesta segunda, uma homenagem a Cleriston Pereira da Cunha, réu dos ataques que morreu no dia 20 de novembro na Papuda, no Distrito Federal. A imagem continha a data de nascimento e morte do réu, e o chamava de “Patriota Clezão”.
Ainda nesta segunda, também nas redes sociais, Valdemar coloca em dúvida os “critérios constitucionais para os julgamentos das pessoas que participaram das manifestações no 8 de janeiro de 2023”.
Ele afirmou ser contra as “quebradeiras e invasões”, mas pôs em xeque a participação de Moraes nos processos.
“Será que temos um ministro que queira se proteger ou talvez se promover com esse julgamento? Será que, para se defender, começou a dizer o absurdo de que os manifestantes, munidos de pedaços de pau, queriam dar um golpe?”, questionou na publicação.
Em seguida, Valdemar minimizou os ataques e perguntou se uma pena de 17 anos -aplicada a algumas pessoas já condenadas pelos ataques- é “justiça ou é vingança”.
Valdemar afirmou que Moraes, ao dizer que era alvo dos manifestantes, se torna parte nos processos e não deveria julgá-los. Em seguida, ele afirma que todos os julgamentos deveriam ser anulados. Na semana passada, Moraes afirmou ao jornal O Globo que um dos planos dos golpistas era prendê-lo e depois enforcá-lo.
No domingo (7), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez postagem em que também fez referência à revelação de Moraes de que ele teria sido alvo dos golpistas. Na publicação, Eduardo fala que o fato não foi comentado na CPI do 8 de janeiro e nega um plano de golpe.
Também nas redes, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) fez postagem criticando um ato organizado pela esquerda neste domingo, em Brasília, para relembrar os ataques. Ele postou uma reportagem que indicava que o ato havia reunido poucos participantes.
Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) minimizou os ataques nas redes sociais. Em uma postagem, ele se referiu à data como “golpi [sic] sem tiros, sem armas, sem líder, com idosos, crianças e muitas Bíblias!”.
O político aludiu que a tentativa é desgastar o pai, mas que “só o deixam mais forte pelas ruas do Brasil!”.
À CNN Bolsonaro criticou a realização de eventos em Brasília nesta segunda-feira (8) para relembrar a data.
O ex-presidente minimizou os ataques golpistas afirmando que o dia foi “lamentável pelo quebra-quebra”, mas disse já ter visto “coisas piores no passado”. Segundo ele, houve vandalismo na sede dos três Poderes, mas não uma tentativa de golpe.
O ex-mandatário também chamou de “absurdas” as condenações expedidas contra os invasores do 8 de janeiro.
Até o momento, 30 pessoas foram condenadas pelo STF, com penas que variam de 14 a 17 anos de prisão. Sem provas, o político afirmou que as decisões da corte acerca dos golpistas visam esvaziar protestos que possam ocorrer contra o governo Lula.
Os crimes imputados aos réus envolvidos nos ataques envolvem associação criminosa armada, golpe de estado, abolição violenta do Estado democrático de Direito, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração do patrimônio tombado.
Os ataques às sedes dos três Poderes mobilizaram cerca de 4.000 golpistas. Mais de 2.000 pessoas foram presas em flagrante. Calcula-se um prejuízo de mais de R$ 20 milhões.
Investigações da Polícia Federal concluíram que as manifestações tinham caráter golpista, com pedidos de intervenção militar. A PF também revelou a existência de uma minuta golpista na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro.
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