Mohana Lessa, filha do ex-sargento da Polícia Militar (PM) Ronnie Lessa, acusado de assassinar a vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e o motorista dela, Anderson Gomes, em março de 2018, afirmou que a família vai romper com o pai caso seja comprovada a participação dele no crime. Em nota, ela declarou: “Essa atrocidade vai contra tudo que somos e pensamos”.
Manifestando-se pela primeira vez desde a delação premiada de seu pai, Mohana afirmou que o ex-sargento da PM “sempre garantiu ser inocente e ajudava em defesa de processos”. A nota foi publicada pelo ICL Notícias.
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Mohana, de 28 anos, diz estar há 6 meses sem contato com o pai e mantém a esperança de que “tudo seja mentira”. A moça descreveu ter sacrificado sua carreira e saúde nos últimos 5 anos para defender a inocência dele.
“Há quase 5 anos, eu tomei a decisão de abandonar minha carreira internacional e minha vida toda para me dedicar 101% a provar a inocência do meu pai no Caso Marielle e Anderson”, contou. “Porque eu tomei essa decisão? Porque ele me garantiu sempre que era inocente.”
A filha mais velha de Lessa, diz tomar conta de dois irmãos mais novos e acompanhar os detalhes de oito processos contra o ex-sargento da PM.
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“Com os últimos acontecimentos, o que posso falar em nome de toda família é que, se ele realmente cometeu esse crime, com toda dor no meu coração, nós não podemos ter mais qualquer tipo de relação com ele”, afirmou.
Mohana diz ter problemas de saúde desde a prisão do pai
A jovem afirma ter ganhado 50 kg, depender de remédios para dormir e desenvolvido uma série de problemas de saúde desde a prisão de seu pai, acusado de matar Marielle e seu motorista, Anderson Gomes.
“Se eu realmente perdi todo esse tempo tentado provar algo inexistente”, desabafou Mohana, “não me restará escolha a não ser pedir que Deus o abençoe em seu caminho, que será longe do meu.”
De acordo com Mohana, a família ainda quer estabelecer um último contato com Lessa, mas depende do aval das autoridades para falar com ele na Penitenciária Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul.
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Brazão, acusado por Lessa de ser o mandante do crime, tem foro privilegiado
Conforme publicação do jornal O Globo, desta terça-feira, 23, como a colaboração tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ), quem mandou matar Marielle tem foro por prerrogativa de função.
Entre os nomes investigados pela polícia e pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) conhecidos até agora, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) Domingos Brazão é o único com tal privilégio.