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quarta-feira, dezembro 25, 2024

Cafeína vicia? Posso tomar até que horas? Dá mais foco? Veja principais dúvidas

A cafeína é uma droga psicoativa que atua sobre o cérebro e modifica seu funcionamento, podendo provocar alterações no humor, na percepção, no comportamento e em estados da consciência.

O consumo dela pode trazer diversos benefícios à saúde, mas o excesso pode ser perigoso.

O Café na Prensa conversou com a neurocientista Amanda Reitenbach, pós-doutora pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), para tentar responder algumas das dúvidas mais comuns sobre os efeitos da cafeína no organismo.

Confira abaixo.

POSSO TOMAR CAFÉ ATÉ QUE HORAS PARA NÃO PERDER O SONO?

O tempo de meia-vida médio da cafeína no plasma de indivíduos saudáveis é de, aproximadamente, 5 horas, mas pode variar entre 1,5h e 9,5h.

Após essas 5 horas, ainda há metade da cafeína para ser eliminada totalmente, então ela continua sendo distribuída para os órgãos.

Por isso, há pessoas que têm dificuldade para dormir quando tomam café após as 16h. Isto ocorre porque o corpo ainda está sob efeito da cafeína. Enquanto isso, há quem tome café às 18h e não tenha qualquer distúrbio do sono.

“A questão do sono é bem individual”, diz Reitenbach, segundo a qual há pessoas mais sensíveis do que outras. “Por isto, recomenda-se que se consuma cafeína, no máximo, até 6 horas antes de dormir para evitar distúrbios do sono”, diz.

CAFÉ VICIA?

Sim. Estudos indicam que o uso excessivo de cafeína pode causar dependência. Em alguns casos de dependência, tentar interromper o uso bruscamente pode levar a sintomas depressivos.

COMO SABER SE ESTOU VICIADO?

“A frequente necessidade de ingerir a bebida e cada vez em doses maiores e com intervalos menores são sinais do vício”, explica Reitenbach.

Ela diz que os sintomas de dependência de cafeína podem incluir dor de cabeça, indisposição, dificuldade de manter a atenção, alteração de humor (geralmente irritabilidade), sonolência, fadiga, constipação, náusea, forte anseio por cafeína e, em alguns casos, alucinação olfativa de café, vômitos e febre.

Reitenbach diz que a abstinência pode iniciar após 12 horas da última ingestão e persistir por até uma semana. “Reduzir progressivamente a dose diária e alternar os dias de consumo são estratégias sugeridas para minimizar os sintomas”, diz.

CAFÉ DÁ MAIS CONCENTRAÇÃO E FOCO?

A cafeína atua como estimulante do sistema nervoso central. Assim, contribui para melhorar a concentração e elevar o desempenho em atividades que exigem foco.

Além disso, estudos mostram que a substância aumenta a secreção de endorfina, o que resulta em maior estado de alerta e melhor desempenho cognitivo e psicomotor.

COM O PASSAR DO TEMPO, O CÉREBRO SE ACOSTUMA COM A CAFEÍNA?

Sim. O consumo de café frequente e em altas doses pode levar ao desenvolvimento de tolerância à cafeína, como ocorre com outras substâncias químicas quando consumidas de maneira contínua.

Isso resulta na necessidade crescente de doses de cafeína para manter o mesmo efeito desejado.

“Alternar entre café normal e café descafeinado em diferentes dias pode ser uma estratégia útil para evitar esse ciclo de aumento constante”, diz Reitenbach.

QUAL O MÁXIMO DE CAFÉ QUE POSSO BEBER POR DIA?

Estudos mostram que é seguro consumir até 300 mg de cafeína por dia. Cada xícara de café tem, em geral, menos de 100 mg de cafeína, mas esse valor pode variar conforme vários fatores, como método de preparo, espécie e variedade do café utilizado etc.

A dose ideal, contudo, varia de indivíduo para indivíduo. Há pessoas que têm tolerância maior à cafeína do que outras.

Assim, o recomendável é observar os efeitos que a bebida causa no seu organismo e, se for o caso, reduzir o consumo.

O QUE ACONTECE SE TOMAR CAFÉ EM EXCESSO?

O consumo excessivo de cafeína, sobretudo em quantidades acima de 1g –o equivalente a cerca de 10 a 15 xícaras de café–, pode causar quadros de ansiedade, irritação, taquicardia e mal-estar.

A dose tóxica é estimada entre 5g a 10g. A ingestão nesses níveis pode causar insônia, agitação e hiperexcitabilidade, seguidos por taquicardia, zumbido no ouvido, distúrbios visuais, tensão muscular e palpitações no peito.

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Fonte: Folha de S.Paulo – Gastronomia

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