O ato de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista neste domingo foi mais uma demonstração de mobilização e força do bolsonarismo. Além dessa constatação que deveria ser óbvia, surge a velha polêmica sobre a quantidade de pessoas presentes.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, sob o comando do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas, estimou 600 mil participantes. Por outro lado, membros da Universidade de São Paulo (USP) calcularam 185 mil.
Diante dessa divergência, opto por confiar nas imagens: vimos nove quarteirões repletos de pessoas vestidas de verde e amarelo, evidenciando o apoio a Bolsonaro. Em suma, o protesto foi expressivo e relevante. Aqueles que afirmarem o contrário não estão sendo honestos.
Passando aos discursos, Bolsonaro manteve-se, como havia declarado neste blog no sábado, dentro das quatro linhas da Constituição. Evitou acirrar ainda mais as tensões com o Judiciário, mas fez questão de enfatizar sua preocupação com a remoção de opositores, como ele mesmo, do processo eleitoral por meio de decisões judiciais.
Concordo com o ex-presidente: retirar os direitos políticos de opositores não é um gesto democrático. Esse tipo de ação é típico de regimes autoritários, como os da Rússia e da Venezuela. Nos Estados Unidos, mesmo diante de dezenas de processos enfrentados por Trump, seus direitos políticos permanecem intactos.
Em minha opinião, exceto em casos de corrupção e desvio de dinheiro público, cabe ao povo decidir livremente seus representantes. É mais prudente e democrático permitir que a maioria faça sua escolha sem restrições.
Outro ponto relevante do discurso de Bolsonaro na Paulista foi o pedido de anistia para os presos em decorrência dos eventos de 8 de janeiro. O ex-presidente fez um gesto significativo aos setores mais radicais do bolsonarismo. Na minha avaliação, as penas de 17 anos de prisão são excessivas, e rotular essas pessoas como terroristas é igualmente exagerado.
O último aspecto importante do discurso de Bolsonaro na Paulista diz respeito à possibilidade de estado de sítio. Jair Bolsonaro admitiu que o tema foi discutido nos bastidores. Este blog considera que se tal medida fosse implementada, constituiria uma tentativa de golpe de Estado. Embora seja um dispositivo constitucional, não deve ser utilizado para manipular o resultado das eleições.
O Blog do Nolasco já informou sobre planos, no final de 2022, inclusive dentro do Exército, para uma possível GLO (Garantia da Lei e da Ordem), mas nada foi posto em prática. Portanto, em minha análise, não houve tentativa de golpe.
Diante de tudo isso, o Blog acredita que o governo do presidente Lula deveria olhar para o futuro e governar para todos. Também é importante ter cautela com declarações. Comparar a guerra na Faixa de Gaza ao Holocausto é um erro grave. Quanto ao bolsonarismo, resta aguardar as próximas eleições e protestar, se necessário.
Enquanto isso, a tensão permanece alta, devido aos excessos cometidos por todas as partes. Um pouco de calma e sensatez seria bem-vindo. No entanto, considerando o contexto, é improvável que haja sensatez por parte dos envolvidos, o que nos leva a esperar dias turbulentos.