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segunda-feira, novembro 25, 2024

antigos terminais de turismo viram depósitos de lixo em Tramandaí e Cidreira

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Ícones de uma época em que o Rio Grande do Sul se abria para o turismo, os terminais de Tramandaí e de Cidreira hoje restam como boas lembranças às centenas de pessoas que excursionaram pelo litoral Norte entre as décadas de 1970 e 1990. E para outra parcela da população, veranistas e moradores destas duas tradicionais praias gaúchas, o que sobrou das estruturas representa apenas preocupação e desgosto.

As irmãs Marta e Marília Barreto deixaram o bairro Restinga, em Porto Alegre, para terem uma vida mais tranquila em Cidreira no início deste ano. Mas a casa comprada próxima do Terminal Turístico, que já foi símbolo da praia, atualmente causa desconforto às duas.

“Não dá para aturar tanto lixo, é um depósito de porcarias”, protesta Marília.



Em Cidreira, antigo terminal de turismo definha com o abandono dos últimos anos
| Foto: Mauro Schaefer

O espaço para recepção de turistas projetado no fim da década de 1970 e que viveu o auge na década seguinte, hoje não passa de ruínas. As lajes da cobertura desabaram, e as que resistem ameaçam cair. Ainda assim, as paredes e coberturas, que teimam continuar em pé, abrigam moradores de rua e são frequentemente utilizados para consumo de drogas.

“Eu não sinto segurança nenhuma em andar por aqui. Nunca vi relato de assalto, mas a gente vê gente usando droga lá atrás das paredes”, lamenta Marta.

Há 18 anos o comerciante José Daniel Carvalho resolveu apostar em uma nova atividade. Investiu todo o dinheiro disponível e comprou um bar na rua Santa Fé, em Tramandaí. Mas a esperança de uma vida melhor jamais se concretizou. A aposta no comércio vinha da localização estratégica do estabelecimento, bem em frente ao terminal turístico de Tramandaí.
“Todo o comércio da volta dependia do terminal, não por acaso o nome deste bairro é Terminal Turístico”, conta.

Conforme recorda José, aproximadamente 35 ônibus com excursões de diferentes lugares do Estado e de Santa Catarina tinham o paradouro como referência. Centenas de pessoas usavam a estrutura, que contava com banheiros, boxes de estacionamento e espaços para descanso. O prédio, com projeto concebido na década de 1970, sofreu com a ação do tempo e acabou abandonado. Já nas décadas seguintes, foi se transformando em um prédio em ruínas, até ser demolido há 11 anos.



Daniel mostra com tristeza lugar que já foi ponto de acolhimento de turistas
| Foto: Mauro Schaefer

De lá para cá, a luta da comunidade passou a ser outra, maior até que a sobrevivência econômica. Após a estrutura ser desmantelada, os escombros ficaram empilhados no próprio terreno do terminal, onde permanecem até hoje.

“Não vendo mais que 10 xis em um fim de semana, a bebida que comprei para o verão está encalhada no freezer. E na porta da minha casa tenho um monte de escombros de onde saem ratos, baratas e outros tipos de bichos”, reclama o comerciante.

Parte do terreno do antigo terminal atualmente está ocupado de forma irregular por moradias, e somado ao fato de que a prefeitura realocou as excursões para uma praça em outro ponto da cidade, esta parte importante da memória dos veraneios de Tramandaí tende a desaparecer por completo no dia em que os escombros forem destinados à reciclagem.

O que dizem as prefeituras
O Correio do povo fez contato com a comunicação e com a Secretaria de Turismo e a assessoria de comunicação de Tramandaí e com a Prefeitura de Cidreira a respeito da situação atual das áreas dos antigos terminais e projeção de futuro. Contudo, até o fechamento desta edição, não houve retorno.


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Fonte: R7 – Cidades

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