Feriados prolongados e finais de semana são ótimas oportunidades tanto para descansar e se divertir quanto para ajudar o próximo. A Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) alerta a importância de separar um momento para contribuir com a reestruturação do estoque de bolsas de sangue, que alimentam as unidades da rede pública e instituições conveniadas. Isso porque, em feriados e finais de semana, a demanda por transfusões costuma aumentar, enquanto a oferta e os agendamentos para doações diminuem.
“É importante chamarmos as pessoas para doarem aos sábados, quando a maioria tem uma folga do trabalho e também antes dos feriados prolongados porque nesses períodos sempre observamos um aumento da demanda por transfusões de sangue em função de situações de emergência”, explica o presidente do Hemocentro de Brasília, Osnei Okumoto. Conforme a atualização mais recente do site da instituição, os níveis de estoque do O positivo e do B negativo estão críticos, o do O negativo está baixo e, os demais, regulares.
Nesta sexta-feira (31), participantes da Convenção Jovem Maranata, promovida pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, foram ao Hemocentro para doar sangue. A ação faz parte do projeto Vida Por Vidas, uma das iniciativas solidárias da congregação. A convenção ocorre na Arena BRB Mané Garrincha desde quarta (29), com apoio da Secretaria da Família e Juventude (SEFJ), e reúne 20 mil jovens de todos os estados brasileiros e de outros países, como Argentina, Paraguai, Chile, Bolívia, México e Canadá.
“Dois grupos foram na última sexta-feira e mais dois para sábado (1º). Cada grupo tem 15 pessoas, então esperamos ter 90 jovens atuando na missão de ajudar o próximo”, enumerou o organizador do evento, Felipe Lemos. “Os jovens devem servir a Deus e às pessoas, ajudando a sociedade. E uma das formas de fazer isso é aumentando os estoques dos bancos de sangue, principalmente em época de feriado, em que a oferta cai, mas a demanda aumenta”, avalia.
O secretário da Família e Juventude, Rodrigo Delmasso, ressaltou o efeito positivo das ações solidárias realizadas pelo evento: “Ver milhares de jovens se reunindo para crescer espiritualmente, com um trabalho de solidariedade e amor ao próximo, não tem preço. A convenção, além de incentivar a doação de sangue, gesto que salva tantas vidas, também está fazendo esta grande mobilização, para ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Atitudes como essas ajudam a construir um futuro melhor para muitas famílias.”
Dos participantes de outros estados, um deles é o assistente administrativo Ruan Alves, 23, e a pedagoga Claudiane Santos, 31. Os dois são da Bahia e conhecem a relevância da doação de sangue para a saúde de outras pessoas. “Doo sangue de dois em dois meses, que é o intervalo mínimo estipulado para os homens, desde os 16 anos. Um membro da minha família já precisou muito da doação e tivemos muita dificuldade em encontrar doadores. Foi quando virei um doador junto à minha família, para ajudar outros”, revela.
Por sua vez, Claudiane nunca conseguiu doar sangue devido a complicações de saúde. Ainda assim, ela acompanha e incentiva outras pessoas a participarem da rede de solidariedade. “Fiz alguns procedimentos cirúrgicos que me impediram por muito tempo de doar, mas eu sigo ativa, mobilizando quem pode doar para que doem de fato”, disse. “Viemos para o DF com o objetivo de aproveitar o evento, mas também de ajudar quem mora aqui e está precisando de alguma forma”, acrescentou.
Amor ao próximo
Doar sangue é um compromisso trimestral no calendário da enfermeira Railine Mendes, 27, desde 2021. Por trabalhar em um centro cirúrgico, ela conta que entende a importância do ato para salvar a vida de uma pessoa. “Já vi muitos casos da pessoa precisar da bolsa para conseguir sobreviver. Acho que contribuir com o estoque, ainda mais no caso do O negativo, é muito importante. É um gesto de amor a alguém desconhecido”, disse.
Nesta sexta-feira (31), ela levou a mãe, a servidora pública Adelina Ribeiro, 50, para participar da rede de solidariedade. “É minha primeira vez doando, mas já precisei do sangue quando tive uma cesárea e também em uma cirurgia de varizes”, relembra. “Minha filha me incentivou a retribuir a ajuda e aproveitamos a folga. Penso que estou ajudando a salvar vidas”, completa.
Os aprovados no último concurso para a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) também estão mobilizados em auxiliar na reestruturação do estoque de bolsas de sangue. Um deles é o professor Marco Aurélio de Menezes, 27. “Quando vimos a situação dos estoques, logo organizamos grupos para virem doar. Só hoje (31) vieram 45 pessoas, e esperamos que venham muito mais”, conta. “Sabemos da importância de doar para ajudar o próximo, ainda mais para os tipos de sangue que estão com nível mais baixo. Hoje somos nós quem doamos, mas um dia podemos receber”.
Doe sangue
Para doar sangue, é preciso ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 51 kg e estar saudável. Quem passou por cirurgia, exame endoscópico ou adoeceu recentemente, entretanto, deve consultar o site do Hemocentro para saber se está apto a doar sangue.
Em caso de dengue, é necessário aguardar 30 dias após o fim dos sintomas para se candidatar à doação de sangue. Para quem teve dengue hemorrágica, o prazo é de seis meses. Se você teve contato sexual com pessoas que tiveram dengue nos últimos 30 dias, é preciso esperar 30 dias desde a última relação para doar sangue.
Quem teve gripe deve aguardar 15 dias após o desaparecimento dos sintomas para poder doar sangue. Quem teve covid-19 deve aguardar dez dias após o fim dos sintomas, desde que esteja sem sequelas. Se assintomático, o prazo é contado da data de coleta do exame.
*Fonte: Agência Brasília