O thriller policial de Yann Demange, “White Boy Rick”, na Netflix, narra a história do traficante de 14 anos que se tornou informante do FBI, mas acabou condenado à prisão perpétua após ser dispensado. Rick (Richie Merritt) vive em um lar disfuncional com seu pai, também chamado Rick (Matthew McConaughey). Abandonado pela mãe e com uma irmã viciada em drogas, Dawn (Bel Powley), que decidiu sair de casa, Rick vive marginalmente, causando confusão, pegando o carro do avô sem autorização e portando uma arma sem registro.
Seu pai é um vendedor de armas ilegais que ocasionalmente fornece informações para o FBI. Durante uma visita, um oficial conhece Rick. Posteriormente, ele o procura pedindo para que Rick se infiltre em uma gangue de traficantes negros em seu bairro de Detroit e forneça algumas informações ao FBI. Ao longo dos anos, o adolescente trabalha como informante, enquanto também começa a comercializar drogas e a ganhar dinheiro como jamais havia imaginado.
Aos 17 anos, Rick é dispensado pelo FBI e acaba sendo acusado de tráfico de drogas, sob o argumento de que os agentes federais jamais o incentivaram a vender os produtos, apenas fornecer informações. Ambientado na década de 1980, o filme nos transporta de maneira bastante convincente através do tempo, por bigodes abastados, calças jeans e mullets.
Não é culpa do ator iniciante, Richie Merritt, que, apesar de ser protagonista, é um dos personagens menos interessantes do filme. Destaca-se o brilhantismo de Matthew McConaughey, que, mesmo com este papel em um filme mediano, consegue extrair tanto poder, desespero, cafonice e imoralidade ao mesmo tempo em que interpreta um pai que ama verdadeiramente seu filho e luta por sua liberdade.
Bel Powley também tem cenas fortes e poderosas, que a desfiguram completamente, transformando-a em uma garota viciada e transtornada, desequilibrada e em busca de um sentido para sua vida despedaçada.
O filme aborda a infância interrompida de Rick, como ele foi levado precocemente a agir como adulto e arriscar sua vida para ajudar o FBI a capturar policiais corruptos e traficantes, e como se tornou um pai adolescente. O longa-metragem ainda denuncia o sistema judiciário imoral, traçando paradoxos entre a prisão de Rick e outros condenados por crimes muito mais graves e que receberam penas muito mais leves.
Apesar do privilégio branco, Rick foi feito de exemplo pela justiça de Michigan e condenado à prisão perpétua aos 17 anos. Em sua atuação, Richie Merritt interpreta um Rick quase ingênuo, levado aos extremos da marginalidade para sobreviver e ajudar sua família a ter dinheiro. Não sabemos bem como foi o verdadeiro Rick, mas nos provoca um certo amargor na boca saber que a Justiça julga de maneira tão irresponsável e parcial muitos de seus casos.
Apesar de ‘White Boy Rick” ter tido alguns momentos insípidos, vale reforçar que possui uma estética atraente, com figurinos primorosos e uma fotografia que dá gosto de ver. Yann Demange é um cineasta francês que dirigiu também o frenético “71: Esquecido em Belfast”, com Jack O’Connell, outro thriller policial sobre um soldado britânico que fica preso em um cerco a Belfast, depois de ser abandonado por sua unidade.
Fime: White Boy Rick
Direção: Yann Demange
Ano: 2018
Gênero: Policial/Drama
Nota: 8/10