Com crise iminente, o sindicato de Policiais Penais realizou hoje, dia 6, uma manifestação em frente ao Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, buscando melhores condições de trabalho.
Em Mato Grosso do Sul, o sistema carcerário mantém 22 mil presos, contando com uma equipe de 1.941 policiais penais para vistoriar e manter a segurança desses detentos. Em Campo Grande, mais de 6 mil presos estão encarcerados dentro dos estabelecimentos penais da cidade, e apenas 10 plantonistas para manter a segurança pelos pavilhões, o que significa 600 presos para cada policial.
Em entrevista concedida à equipe do Diário Digital, André Santiago, Presidente do Sindicato dos Policiais Penais, afirmou que existe uma sobrecarga de trabalho para esses servidores e não descarta a possibilidade de novas fugas acontecerem na penitenciária.
No dia 4 de março, Douglas Luan Souza Anastácio e Naudiney De Arruda fugiram do presídio de segurança máxima de Campo Grande. Os dois conseguiram sair do presídio com a ajuda de uma corda, jogada de fora para dentro, auxiliando na fuga dos presos.
André ainda informou que a atual gestão decidiu pela reativação de uma das torres de segurança para ajudar no controle dos presos, a fim de impossibilitar novas fugas, mas de acordo com André, isso não é o suficiente.
“A decisão da atual gestão de ativar uma nova torre, ela basicamente, não surte efeito algum; as tentativas de fuga vão continuar acontecendo e isso não é o suficiente”, afirmou o Presidente. Entre os problemas listados pelo presidente do sindicato, ele ressalta que não há uma regulamentação que assegure os policiais penais de como agir com amparo jurídico.
“Dois anos atrás, foi criado o cargo do policial penal, assumindo essas atividades que a polícia militar atuava dentro das unidades, e não houve uma regulamentação de atribuições dentro dessa lei. Precisa de um aumento de quadro e também a inclusão de todas essas atribuições de forma legal para dar todo o subsídio para esse servidor poder atuar”, afirmou o presidente.
André também falou sobre a sobrecarga de trabalho na rotina dos policiais penais, devido ao baixo número de funcionários. Para ele, seria necessário cerca de 5 mil novos agentes para que não houvesse mais excesso de trabalho aos agentes; de acordo com André, muitos servidores estão com atestados de saúde devido à rotina maçante. “Esse servidor está ficando doente e está pedindo socorro, e ele está sendo responsabilizado por essas fugas no estado. Nós estamos tendo que trabalhar por três”, afirmou André.
Entre os problemas, a falta de armamento e até mesmo de uniforme é um dos mais preocupantes, de acordo com um dos policiais penais presentes, que preferiu não se identificar. Ele afirmou que o uniforme foi desenvolvido pela equipe de agentes e acabou sendo adotado pelo batalhão que trabalha entre os pavilhões, pois não havia vestimentas disponíveis. O sindicato tenta uma reunião com a Secretaria de Segurança para discutir a regularização da lei da polícia e a abertura de concursos públicos para a função.