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segunda-feira, novembro 25, 2024

‘A preço de banana’? Valor da fruta dispara devido a baixa oferta

A expressão popular ‘a preço de banana’, para definir um produto muito barato, provavelmente não pegaria nos dias atuais. Ela nasceu na época da colonização do Brasil, quando as bananeiras abundavam por aqui e o preço da fruta era baixo devido à sua grande disponibilidade. Assim, a expressão pôde ser facilmente incorporada ao vocabulário financeiro do brasileiro.

No entanto, basta dar uma volta em uma feira livre ou mercado para constatar que a facilidade de acesso ao produto ficou no passado. A banana está cada vez mais cara. Segundo André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia, unidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), o preço está subindo em função da entressafra que afeta a Bahia e o norte de Minas Gerais, áreas produtoras da fruta. A entressafra consiste no período que ocorre após o fim da colheita principal até o início de um novo ciclo produtivo. Por isso, como a oferta está reduzida, o preço aumenta. Esses meses de oferta fraca vão de dezembro a março.

“A boa notícia é que é um efeito temporário. Como o valor subiu muito, outros produtores também irão querer plantar banana para aproveitar a cotação alta. E aumentando a oferta da fruta, o preço não se sustenta, já que é um produto perecível. Este ciclo se repete anualmente. O preço da banana está subindo no momento, mas já deve estar mais baixo nos meses de abril e maio”, afirma.

De acordo com os índices de preço produzidos pelo FGV IBRE, o preço da banana, na verdade, está disparando. A prata, que é a variedade mais procurada, principalmente neste momento de início do ano letivo, subiu mais de 20% nos últimos 2 meses, de acordo com o IPC-M (Índice de Preços ao Consumidor Mercado), uma das estatísticas calculadas pelo IBRE. Ela passou a custar 5,62% mais caro em fevereiro, mas em janeiro já tinham sido 15,71% de alta no preço. Houve um aumento considerável, ou seja, passou a pesar mais no custo de vida do brasileiro.

A nutricionista Ana Lúcia Gomes, de 58 anos, sente essa diferença no orçamento da casa e, por isso, sempre pesquisa o preço da banana na feira livre da Rua Ronald de Carvalho, em Copacabana, Zona Sul, antes de escolher de qual barraca levará a fruta. Ela conta que prefere comprar na feira a comprar em mercados, pois o valor é mais baixo:

“Em uma barraca no início da feira, era o mais barato, eu comprava a dúzia por R$ 6, hoje está R$ 10. Não substituo por outra, mas compro menos. Quando estava por R$ 6, eu comprava duas dúzias. Agora, compro uma dúzia e meia. Mas sempre tem um chorinho”, declara.

Dernival da Silva, feirante há 40 anos, já enxerga outras razões para o aumento da banana. Os seus fornecedores alegam que uma ponte em Janaúba, cidade do estado de Minas Gerais, está alagada por conta de chuvas e, por isso, o percurso para o transporte da banana para o Rio de Janeiro está mais longo. Aumentando o percurso, aumenta também o gasto com gasolina:

“Eles têm que dar uns 100 quilômetros de volta para conseguir contornar e chegar até aqui. Então aumentou o frete, aumentou o gasto com óleo diesel. É por isso que os fornecedores estão repassando esse trabalho há mais ou menos um mês. O preço da caixa da banana costuma ser R$ 100, com cerca de 10 a 12 dúzias de bananas graúdas. Mas aí passou já passou para R$ 110, R$ 120, R$ 130 e, depois, R$ 140. O jeito foi diminuir a quantidade de mercadoria na feira. Hoje, aqui nessa feira (na Rua Ronald de Carvalho), devem estar faltando de 30 a 40 caixas de banana, pois os feirantes estão trazendo menos”, explica.

Dernival disse ainda que, por não ser época de banana, os consumidores passam a preferir outras frutas neste período: “Estamos na estação de caqui e tangerina, o que mata muito a venda da banana. A caixa de caqui, por exemplo, está R$ 6, enquanto a dúzia de banana custa R$ 12”.

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Contudo, há quem não abra mão da banana mesmo com o seu custo alto. É o caso da bióloga Michele Botelho, de 48 anos, que notou o aumento do preço já no início do ano: “Eu sempre comprei na mesma barraca aqui na feira da Rua Ronald de Carvalho, e até dezembro custava R$ 8, a dúzia. Agora, está R$ 12. Parece que os vendedores acham que ficamos ricos quando o ano vira, aqui na Zona Sul. Aí temos que dar o nosso jeito. Como tem muito turista nesta época, toda a feira fica mais cara. Ainda assim, não posso deixar a banana de lado. Comemos de várias formas: acrescentamos à farofa, fritamos, fazemos bolos e sorvetes. Fora que é super prático, só descascar sem dificuldades e temos um alimento”.

A saída encontrada pelos cariocas tem sido comprar menos quantidade da fruta, como faz a secretária Maria Lúcia Martins: “Esse aumento de valor está fazendo muita diferença no meu orçamento, então tenho que comprar bem pouquinho, menos de uma dúzia por semana”.

Além da entressafra, contratempos climáticos também causam a alta dos preços. Segundo o especialista em finanças Hulisses Dias, chuvas em excesso acarretam dificuldade com logística e deixam a oferta da fruta instável e, consequentemente, mais cara. Também há a causa do calor forte, que queima as plantas e gera prejuízo, forçando o trabalhador rural aumentar o valor para compensar.

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O jovem Alexandre dos Santos, de 24 anos, feirante há quatro, comentou que o produto que vende ficou mais caro justamente por conta de chuva, que matou a plantação. Essa é explicação vinda do fornecedor das bananas que compra para revender. O aumento vem acontecendo desde novembro de 2023. O valor da caixa, com 15 dúzias, custava R$ 70. Na semana seguinte, já subiu para R$ 80, e assim foi sucessivamente. Esta semana, ele comprou a caixa com 15 dúzias por R$ 140. A valorização da fruta é repassada para o consumidor no valor final.

Dá para substituir a banana por outra fruta?

A banana é rica em vitaminas do complexo B, fibras, magnésio, potássio e triptofano. Sua composição oferece vários benefícios para quem a consome, como prevenção da hipertensão e redução do risco de doenças cardíacas, além de ser ótimo para quem pratica atividades físicas, favorecendo a contração muscular e reduzindo o risco de câimbras.

Por ser rica em triptofano, um aminoácido essencial na produção de serotonina, a banana também tem um papel importante nas funções cerebrais, melhorando o humor, a sensação de bem-estar e a qualidade do sono.

Segundo o nutricionista Renato Sippli, não é possível substituir a banana por apenas uma outra fruta, mas pode-se combinar três para conseguir os mesmos benefícios. A primeira é a laranja, para ajudar no sistema circulatório e na prevenção de hipertensão. Ela também é muito benéfica para a função intestinal, já que seu bagaço é rico em fibras, auxiliando na melhora do perfil da microbiota intestinal.

A segunda fruta é a melancia. Ela é ótima para o sistema circulatório, pois promove dilatação nos vasos e reduz a pressão arterial.

Pensando em funções cerebrais, incluindo a melhora no sono e no bom humor, o abacate e a melancia podem ser ótimas opções. As duas frutas são ricas em triptofano, desempenhando o mesmo papel da banana nestas funções. Além disso, o abacate também é rico em diversas vitaminas do complexo B e magnésio.

Fonte: RJNEWS – Cidades

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