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quarta-feira, novembro 27, 2024

Último dia para assistir na Netflix ao filme de ação que vai deixar seus olhos pegando fogo

O enigma do sucesso cinematográfico é algo que poucos têm a sorte de decifrar, compreendendo a fórmula que permite que filmes sobre temas recorrentes — apesar de suas inúmeras variações — mantenham personagens constantes, fidelidade à trama original e, acima de tudo, o interesse contínuo ou crescente do público. Michael Bay, com destreza, abordou esses elementos e passou o bastão para Adil El Arbi e Bilall Fallah, os quais receberam uma narrativa consistente.

Os cineastas marroquino-belgas, na casa dos trinta, possuem uma compreensão sólida de dramas policiais, mas em “Bad Boys para Sempre” eles exploram territórios distintos, lançando o filme pouco antes de a pandemia de covid-19 consumir o mundo com paranoia e incerteza. Sob a superfície do filme, o terceiro de uma série que sugeria finalidade em seu título, emergem discussões políticas e sociológicas. No entanto, a indústria e o entusiasmo do elenco principal sinalizam que “Bad Boys 4” provavelmente entrará em produção. A questão que permanece é: isso é realmente necessário?

O desenvolvimento narrativo do terceiro ato, que teoricamente justificaria a continuação da saga, resolve-se sem grandes malabarismos narrativos, o que parece ser exatamente o que o público deseja. A coesão do roteiro de Chris Bremmer, Joe Carnahan e Peter Craig, um trio dos melhores roteiristas atuais de Hollywood, é sem dúvida o que eleva “Bad Boys para Sempre” a um patamar de destaque em seu gênero, somado à vasta tecnologia disponível para El Arbi e Fallah. A sequência inicial em plano-sequência, que realça Miami Beach, e a trilha sonora vibrante estabelecem o tom da produção desde o começo.

Robrecht Heyvaert e Lorne Balfe, na cinematografia e na música, respectivamente, harmonizam cor e som para enriquecer as várias subtramas protagonizadas por Will Smith e Martin Lawrence nos papéis dos conhecidos detetives Mike Lowry e Marcus Burnett. A vida dos personagens segue um rumo previsível: Mike, interpretado por Smith, é o eterno bon vivant e solteirão, enquanto Marcus, vivido por Lawrence, é a voz da consciência e o recém-tornado avô. O talento de Lawrence resplandece, proporcionando momentos de comédia autêntica mesmo em contextos de suspense, equilibrando assim o tom do filme.

“Bad Boys para Sempre” aborda com precisão a dinâmica entre dois homens na casa dos cinquenta anos, com estilos de vida distintos e, em certa medida, superados pela modernidade. Ainda assim, o filme instiga o espectador a questionar: eles ainda têm o necessário para enfrentar o crime em uma metrópole afligida por megacorporações e traficantes internacionais?

El Arbi e Fallah tratam esses temas complexos com uma calma que parece contraditória. Dão a cada personagem seu momento de destaque e, apesar da abrangência dos temas tratados em pouco mais de duas horas, conseguem articular as peças desse vasto mosaico. O filme navega pela breve aposentadoria de Marcus e dedica mais tempo à adaptação de Mike à AMMO, uma unidade especial liderada por Rita, interpretada por Paola Nuñez. A dupla de diretores reúne os personagens para a perseguição de Isabel Aretas, a vilã interpretada por Kate del Castillo, que injeta vitalidade com suas cenas de ação e traz uma tensão antirromântica com Mike.

“Bad Boys para Sempre” encerra de maneira satisfatória, levantando a questão sobre a necessidade de uma sequência. Porém, como crítico, minha função é analisar filmes, não criá-los ou vendê-los.


Filme: Bad Boys para Sempre
Direção: Adil El Arbi e Bilall Fallah
Ano: 2020
Gêneros: Thriller/Ação/Comédia
Nota: 9/10

Fonte: R7 – Cinema

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