A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira (23), reafirmando sua opinião de que Israel comete genocídio na Faixa de Gaza, gerou repercussão entre parlamentares e entidades. Durante um evento no Rio de Janeiro, Lula afirmou novamente que o governo israelense “mata crianças e mulheres” e que é favorável “à criação do Estado Palestino.
Atual comandante do PP (Progressistas), o senador Ciro Nogueira (PI) classificou o comentário de Lula como “lamentável”. “Da mesma forma que errar é humano, insistir no erro só aumenta o tamanho do problema. Presidente, peça desculpas por ter feito a lamentável comparação com o Holocausto. Ninguém é infalível e a humildade só engrandece. Liberte-se”, comentou nas redes sociais.
O senador Sergio Moro (União-PR) opinou que Lula comete “antissemitismo explícito”. “Nenhuma palavra sobre os reféns de Israel, nem sobre a invasão da Ucrânia, nem sobre a ditadura venezuelana. Quem quiser que acredite no ‘democrata’.”
A declaração do presidente também foi alvo de críticas por parte do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Para ele, as palavras do presidente petista podem ‘gerar uma crise internacional e expor o Brasil a riscos desnecessários’. O deputado também lembrou que há um pedido de impeachment já protocolado na Câmara dos Deputados, fundamentado na declaração do presidente.”
Representantes de entidades ligadas ao judaísmo também repudiaram a fala de Lula. Marcos Knobel, presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, classificou o comentário como “absurdo”.
“O que Lula fala de que Israel é um Estado genocida é um absurdo. O genocídio teve a intenção nas mãos do grupo Hamas, cujo estatuto de criação prega a destruição de Israel e de todos os judeus no mundo. O que Israel faz é defender a sua soberania nacional, atacando única e exclusivamente o grupo terrorista Hamas, que covardemente coloca mulheres e crianças como escudo humano”, afirmou.
Confira outras reações:
Entenda o que Lula disse
Durante evento no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (23), Lula reafirmou sua opinião de que Israel comete genocídio na Faixa de Gaza, “matando crianças e mulheres”, e que é favorável “à criação do Estado Palestino.
“São milhares de crianças mortas, milhares desaparecidas. Não estão morrendo soldados, estão morrendo mulheres e crianças. Se isso não é genocídio, não sei o que é genocídio”, disse o petista, completando que “não troca sua dignidade por falsidade”.
O comentário ocorre na esteira da crise diplomática com Israel, que se intensificou no último domingo (18), depois que o presidente brasileiro comparou as ações do governo israelense ao Holocausto nazista e a Hitler.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus”, disse, durante participação na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Adeba, capital da Etiópia. A frase fez com que o governo de Benjamin Netanyahu o declarasse como “persona non grata” no país até que haja uma retratação sobre as declarações.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, também condenou a declaração do presidente do Brasil. Herzog disse que há uma “distorção imoral da história” e apela “a todos os líderes mundiais para que se juntem a mim na condenação inequívoca de tais ações”.