A Zona de Exclusão de Chernobyl (ZEC) é uma área de aproximadamente 2.600 quilômetros quadrados em torno da usina nuclear de Chernobyl, localizada no norte da Ucrânia.
Essa área foi estabelecida após o desastre nuclear ocorrido em 26 de abril de 1986, quando houve uma explosão no reator número quatro da usina, liberando uma enorme quantidade de material radioativo na atmosfera.
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A ZEC é dividida em diferentes regiões, incluindo um espaço restrito altamente contaminado e os demais, menos afetados.
As populações humanas foram evacuadas das áreas mais críticas, e o acesso é controlado estritamente pelas autoridades ucranianas.
No entanto, algo está chamando atenção dos pesquisadores, porque a ZEC tem se revelado não apenas um santuário para a vida selvagem, mas também um laboratório de pesquisa vital.
Mesmo com radiação, lobos não desenvolvem câncer
Lobos têm a área de Chernobyl como habitat, mesmo diante da tamanha radiação no ambiente – Imagem: Reprodução
Desde o desastre nuclear citado, cientistas de todo o mundo têm explorado os efeitos da radiação na fauna e flora local.
Nesse contexto, um estudo recente, liderado pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, concentrou-se na resposta dos lobos de Chernobyl à radiação.
O objetivo dos pesquisadores é encontrar evidências sobre a resistência ao câncer em mamíferos. Os lobos, habitantes da ZEC há várias gerações, foram alvos dessa pesquisa intrigante.
Para compreender melhor como esses animais sobrevivem em meio à alta exposição à radiação, os cientistas equiparam os lobos com coleiras especiais contendo GPS e dosímetros de radiação.
Tais dispositivos permitiram aos pesquisadores medir as exposições diárias e rastrear os movimentos na área.
Os resultados foram surpreendentes: os lobos de Chernobyl estão expostos a níveis significativos de radiação, com médias diárias superiores a seis vezes o máximo permitido para humanos.
Apesar disso, os animais não desenvolveram câncer. Por outro lado, eles apresentaram alterações no sistema imunológico, semelhantes às observadas em pacientes humanos com câncer submetidos a tratamentos de radiação.
Os cientistas identificaram regiões específicas nos genomas dos lobos que parecem conferir resistência a um maior risco de câncer, sugerindo uma adaptação genética única para proteção contra os efeitos da radiação.
Shane Campbell-Staton, líder da pesquisa, enfatizou a importância de tais descobertas não apenas para entender a adaptação desses animais, mas também para ter informações valiosas sobre o tratamento do câncer em humanos.
Por fim, é importante destacar que a continuação da pesquisa foi prejudicada por acontecimentos como a pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Assim, a equipe aguarda uma oportunidade de retornar à área para realizar estudos mais aprofundados assim que as condições permitirem.