No filme “O Profissional”, dirigido por Luc Besson em 1994, somos introduzidos a um universo onde a inocência se encontra com a brutalidade de maneira impactante. A trama se desenrola em torno de Léon, um assassino meticuloso cuja existência solitária é abalada ao cruzar caminhos com Mathilda, uma jovem que carrega consigo as cicatrizes de uma tragédia familiar devastadora. Este encontro não apenas desafia as convenções sociais, mas também mergulha o espectador em um mar de questões morais e éticas.
Besson, conhecido por sua habilidade em criar personagens femininas fortes e multifacetadas, explora aqui uma dinâmica incomum que vai além do mero relacionamento mentor-aprendiz. A jovem Mathilda, interpretada de forma memorável por uma Natalie Portman em início de carreira, é retratada com uma complexidade que desafia sua tenra idade, oscilando entre a vulnerabilidade de sua situação e uma surpreendente resiliência.
A relação entre Léon e Mathilda, embora central para a narrativa, é construída sobre uma base de respeito mútuo e necessidades compartilhadas, evitando cair em estereótipos românticos ou sexuais simplistas. Esta abordagem sensível de Besson permite que o filme aborde temas delicados sem perder a integridade de seus personagens. A performance de Jean Reno como Léon adiciona profundidade ao personagem, equilibrando habilmente sua letalidade profissional com uma inocência quase infantil.
A ambientação do filme, oscilando entre a agitação de Nova York e a tranquilidade forçada do apartamento de Léon, reflete o contraste entre a vida pública e privada dos personagens. A direção de fotografia explora esses espaços para ampliar a tensão emocional da trama, utilizando a luz e a sombra para destacar a dualidade da existência dos personagens principais.
Gary Oldman, no papel do antagonista, entrega uma atuação que é ao mesmo tempo aterrorizante e cativante. Seu personagem, um corrupto agente da DEA, serve como um lembrete sombrio das realidades brutais que Mathilda e Léon enfrentam, adicionando uma camada de urgência e perigo à sua já complicada relação.
A trilha sonora de Éric Serra, colaborador frequente de Besson, complementa a narrativa com uma mistura de melodias que variam entre o etéreo e o intenso. Essa escolha sonora não apenas acentua os momentos dramáticos do filme, mas também enriquece a experiência emocional do espectador, guiando-nos através das complexas camadas emocionais da história.
“O Profissional”, na Netflix, permanece, décadas após seu lançamento, uma obra que desafia classificações simples. É um filme que convida à reflexão, não apenas sobre os limites da moralidade dentro de seu universo fictício, mas também sobre as nuances da condição humana. A habilidade de Besson em tecer uma narrativa envolvente, apoiada por performances poderosas e uma direção cuidadosa, assegura que o filme continue a ser uma referência importante no gênero de ação e drama.
Filme: O Profissional
Direção: Luc Besson
Ano: 1994
Gênero: Ação
Nota: 10