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segunda-feira, novembro 25, 2024

Crítica | Zona de Interesse

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O conceito de “banalidade do mal” criado por Hannah Arendt para simplificar os hábitos nazistas envolvidos com tantos massacres, essa ideia de um mal constante ao invés do mal demoníaco estipulava que estavam apenas cumprindo ordens e fazendo o que acreditavam ser o correto. E Zona de Interesse funciona justamente como a representação perfeita desse conceito, uma verdadeira aula de experiência sensorial. O longa é ambientado durante a Segunda Guerra Mundial. A produção acompanha a vida de uma família nazista que vive nas proximidades do campo de concentração de Auschwitz durante o Holocausto.

O novo filme de Jonathan Glazer coloca de lado praticamente tudo que já vimos sobre o holocausto. Ele trabalha de uma maneira única essa divisão do filme, por um lado temos um família normal tendo uma “vida perfeita”, com as crianças felizes, jardins lindos e uma paz naquele meio. Pela outra vertente temos outro filme, a experiência passada através dos sons(gritos e tiros ) e dos pequenos detalhes daquele ambiente. É um verdadeiro filme terror, uma vez que você sabe todos os acontecimentos daquele período e o diretor te impactará justamente por essa balança de apatia de seus personagens.

A família é retratada de uma maneira bastante comum, a vida para eles era perfeita. O filme faz questão de usar o exemplo da mulher e crianças para verbalizar o quão felizes e satisfeitos estavam com seu cotidiano e local. Eles viviam literalmente do lado do campo de concentração de Auschwitz, o longa trabalha de maneira genial os constantes gritos , tiros e fumaças saindo do campo. Tudo isso para lembrar e impactar o telespectador de todo o horror que aconteceu naquele lugar, e ao contraponto uma vida praticamente perfeita de uma família do alto escalão nazista.

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E um dos grandes acertos de Zona de Interesse é justamente retratar essa família da maneira mais comum possível. O marido após um dia de trabalho conta como foi seu dia para sua esposa, falando sobre implementações da câmera de gás com capacidade para maiores extermínios e administração elogiada de suas tarefas, tudo isso da maneira mais banal e comum para aquele ambiente vivido. É um horror que choca justamente pela apatia, o filme não precisa “apelar” para os já conhecidos choques da imagem, o terror explícito. Ele incômoda justamente pela banalidade das ações e indiferença dos personagens com o que está acontecendo ao seu lado.

A trilha sonora funciona de uma maneira extremamente impactante durante os trechos específicos da obra, é um música que corrói a alma. Ela se alguma maneira se mescla com todo o horror sentido ao ouvirmos os gritos das vítimas. Ela consegue potencializar o sentimento de filme de terror ao presenciarmos Zona de Interesse, de maneira que a música transita entre uma sensação eterna, um sentimento de céu e inferno, é realmente enigmático.

O longa funciona do maior impacto possível justamente pelo tema e como o está tratando, uma vez que a ideia é comprada por seu público, a experiência pode se acabar inesquecível e completamente angustiante. Por mais que as atuações sejam minimalistas, casando com a própria ideia do filme, ela impactam por se utilizar desses personagens para criar uma das maiores representações de apatia do cinema. E Zona de Interesse é esse retrato inédito do holocausto, mas acima de tudo, impactante e angustiante de um dos piores momentos da humanidade. O poderosíssimo final funciona como uma espécie de quebra da quarta parede, se tornando um lembrete de um evento que nunca mais pode acontecer e um lembrete da crueldade humana.

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Fonte: R7 – Cinema

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