A percepção sobre terremotos no Brasil muitas vezes é subestimada, mas a realidade revela que abalos sísmicos são mais comuns do que se imagina.
A maioria, é verdade, possui baixa magnitude e passa despercebida, não causando danos expressivos. No entanto, algumas áreas apresentam um risco maior de terremotos mais impactantes.
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Nos últimos anos, aproximadamente 20 terremotos com mais de 5 graus na Escala Richter foram registrados no Brasil, de acordo com sismólogos do Programa de Pós-Graduação do Observatório Nacional (PPG-ON).
O epicentro desses eventos está principalmente concentrado no estado do Acre e arredores, sendo o mais recente um terremoto de 6,6 na escala Richter, que, felizmente, não resultou em estragos.
Locais com potencial de terremotos no Brasil
As áreas com maior susceptibilidade a terremotos – Imagem: Centro de Sismologia da USP/RSBR
As regiões com maior probabilidade de terremotos de maior magnitude no Brasil incluem Ceará, Rio Grande do Norte, norte do Mato Grosso, nordeste de Goiás, Mato Grosso do Sul, leste do Amazonas e Acre.
O mapa dos terremotos registrados entre 1720 e 2020 revela que as regiões Sul e Sudeste experimentaram predominantemente sismos de baixa magnitude, ficando fora da lista de maior risco.
É importante ressaltar que a destruição causada por um terremoto não está unicamente ligada à sua magnitude.
De acordo com os sismólogos do Observatório Nacional, a gravidade de um abalo sísmico é determinada quando ocorre o colapso de edifícios e a sociedade não está adequadamente preparada para enfrentar o evento.
A comparação entre dois terremotos exemplifica essa questão: o terremoto de magnitude 9,0 no Japão, em 2011, e o terremoto de magnitude 7,0 no Haiti em 2010.
Apesar de o terremoto japonês ter sido mil vezes mais potente, o Haiti sofreu um número significativamente maior de mortes devido ao colapso de edifícios não projetados para resistir a terremotos.
A letalidade do terremoto no Haiti ressaltou a importância da preparação e construção sismo-resistente. No Brasil, a Norma Brasileira (ABNT NBR 15421) estabelece critérios técnicos para construções em áreas de maior risco.
Contudo, essa norma está limitada a regiões específicas e está atualmente em revisão. Além disso, é evidente que falta preparo generalizado na sociedade brasileira para lidar eficazmente com eventos sísmicos.
Os pesquisadores, incluindo Diogo L. O. Coelho, pós-doutor em sismologia e professor do PPG-ON, Douglas Santos Rodrigues Ferreira, professor do PPG-ON e do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), e Jennifer Ribeiro S. da Conceição, doutoranda em geofísica do PPG-ON, contribuíram significativamente para essa compreensão do cenário sísmico brasileiro.
É crucial aprender com as experiências internacionais e fortalecer medidas preventivas e de preparo para proteger vidas e infraestruturas em terras brasileiras.