SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O advogado da ex-funcionária da Funcamp (Fundação de Desenvolvimento da Unicamp), em Campinas, interior de São Paulo, Ligiane Marinho de Ávila, 36, suspeita de desviar verba da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) destinada a pesquisadores, afirmou nesta sexta-feira (9) que não há inquérito instaurado contra a cliente, apenas hipóteses e levantamentos.
“O que eu posso dizer é que, até o momento, para a defesa não foi franqueado nada em relação a provas. Fomos contratados hoje, ainda pela manhã eu fui até a delegacia onde foi reportado [o caso], o 7º DP, mas nada de concreto, nada consta de investigação. São hipóteses, levantamentos que realmente tiveram sobre esse suposto desvio e estão imputando a Ligiane”, disse o advogado Rafael de Azevedo.
Ainda de acordo com o defensor, como não há provas, não tem investigação em curso.
“Não tem o que manifestar sobre o assunto. Vamos aguardar, se realmente vier uma investigação aí, lógico, a gente vai se manifestar e vai dar o devido respaldo para a imprensa sobre o tema”, afirmou.
Questionado sobre a razão da demissão por justa causa no dia 18 de janeiro sob a alegação dos desvios, Azevedo disse que essa discussão será feita na Justiça do Trabalho.
“Essa situação, o que ocorre é uma questão trabalhista que vai ser discutida na Justiça do Trabalho. Eu não fui contratado para esse tema, mas, posteriormente, vai ser vai ser discutida essa matéria”, finalizou.
O 7º DP (Cidade Universitária) de Campinas afirmou que tem conhecimento do caso e aguarda as vítimas apresentarem documentos para decidir os próximos passos e a tipificação do que ocorreu.
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A reportagem apurou que a demissão da ex-funcionária da fundação aconteceu em 18 de janeiro, mas as vítimas foram à delegacia apenas no dia 1º de fevereiro.
A Promotoria de Justiça Criminal de Campinas afirmou que recebeu notícia apontando que a ex-servidora estaria desviando verbas da Fapesp avaliada em R$ 2 milhões. Solicitava ainda que fosse investigado o crime e “possível envolvimento de professores do instituto que eram responsáveis pelos projetos”.
“A notícia veio desacompanhada de qualquer informação ou documento”, destacou a Promotoria.
ENTENDA O CASO
A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) abriu uma investigação para apurar um possível desvio milionário de recursos destinados a pesquisadores da Unicamp.
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No fim do ano passado, uma auditoria do órgão de fomento detectou possíveis irregularidades na prestação de contas de docentes ligados ao Instituto de Biologia da estadual de Campinas. Até o momento foram identificados supostos desvios de recursos destinados a 28 professores. Servidores afirmam que os valores subtraídos podem passar de R$ 2 milhões. A Fapesp não cita valores. A Unicamp, por sua vez, diz que “a soma é vultosa”.
Uma investigação preliminar conduzida pela direção do instituto aponta a atuação da ex-funcionária da Funcamp.
Apesar de a investigação apontar que a funcionária teria desviado o dinheiro sem o conhecimento dos docentes, a Fapesp afirmou à reportagem que os pesquisadores são responsáveis pela gestão financeira dos recursos que recebem. A agência informou que, caso as irregularidades se comprovem ou não sejam sanadas, os professores terão de devolver os valores.
O suposto desvio foi descoberto quando a Fapesp identificou irregularidades na prestação de contas de um pesquisador do Instituto de Biologia. Quando pediu esclarecimentos, descobriu que o mesmo ocorria com outros pesquisadores da unidade.
Na mesma época em que passou a ser responsável pela prestação de contas, Ligiane abriu, em 12 de abril de 2018, uma microempresa em seu nome, que tinha como atividade a manutenção e reparação de equipamentos e produtos não especificados. A empresa foi encerrada no mês de janeiro deste ano -seis dias após a sua demissão.
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Segundo a investigação do instituto, ao longo desse período, ela emitiu diversas notas frias em nome da empresa dela, como se fossem de manutenção e outros serviços prestados aos pesquisadores, desviando assim as verbas da Fapesp destinadas a pesquisa.
Em nota, a Unicamp confirmou que o instituto está apurando o possível desvio, mas disse que não poderia fornecer nenhuma informação ou detalhe sobre o caso sob risco de prejudicar as investigações.
Já a Fapesp declarou que segue as investigações e diz ter ampliado as análises para outras prestações de contas realizadas pelos pesquisadores em questão.
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