Festa, música e paquera. Com a chegada do carnaval, a diversão, muitas vezes, pode vir acompanhada das chamadas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Adotar medidas preventivas podem diminuir o risco. “O período carnavalesco apresenta diversas situações que aumentam a vulnerabilidade à transmissão de infecções, em específico as de contágio via sexual”, alerta a gerente de Vigilância de IST (Gevist) da Secretaria de Saúde (SES-DF), Beatriz Maciel Luz.
As ISTs, causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos, são transmitidas, principalmente, pelo contato sexual (oral, vaginal, anal) sem proteção. O vírus da imunodeficiência humana (HIV), causador da aids, aparece como uma das principais patologias. Segundo o informativo divulgado pela SES-DF, entre 2018 e 2022 foram notificados mais de 3,6 mil casos de infecção pelo HIV, dos quais 1,3 mil evoluíram para aids. No perfil epidemiológico do contágio por HIV, predominam os casos entre homens mais jovens, de 20 a 29 anos (45,5%).
O médico David Urbaez, Referência Técnica Distrital (RTD) de Infectologia da SES-DF, destaca que a principal via de transmissão do HIV são as relações sexuais desprotegidas. “Em situações secundárias, a contaminação pode ocorrer pelo compartilhamento de agulhas, comum entre usuários de drogas injetáveis. Adicionalmente, destaca-se a transmissão vertical, que ocorre de mãe para filho, durante o parto ou na amamentação”, detalha.
Sintomas
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), quando o vírus causador da aids infecta o organismo, inicia-se o ataque ao sistema imunológico. Na fase inicial, denominada infecção aguda, ocorre a incubação do HIV, que é o período entre a exposição ao vírus e o surgimento dos primeiros sintomas, variando de três a seis semanas. O organismo requer de oito a 12 semanas após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV. Os primeiros sintomas, muitas vezes semelhantes aos de uma gripe, como febre e mal-estar, frequentemente passam despercebidos.
Diagnóstico
Caso uma pessoa tenha passado por uma situação de risco, como ter feito sexo desprotegido ou compartilhado seringas, o diagnóstico é feito por meio de testagem rápida, disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Conhecer o quanto antes a sorologia positiva para o HIV aumenta muito a expectativa de vida de uma pessoa que vive com o vírus. Segundo o RTD, quem se testa com regularidade, busca tratamento no tempo certo e segue as recomendações da equipe de saúde ganha em qualidade de vida. “O teste rápido é realizado na presença do paciente, utilizando uma amostra obtida por punção digital. Caso o primeiro teste apresente resultado positivo, é conduzido um segundo de outro fornecedor. Se ambos os testes resultarem positivos, o diagnóstico de infecção pelo vírus do HIV é confirmado”, explica Urbaez.
Tratamento
Apesar de ainda não existir uma cura para o HIV, os avanços científicos na área possibilitam conviver com o vírus de forma saudável. O tratamento envolve acompanhamento periódico por profissionais de saúde, realização de exames e adesão às recomendações médicas, incluindo a tomada regular de medicamentos.
No Brasil, todos os indivíduos diagnosticados com HIV podem receber o tratamento gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). São procedimentos efetivos na redução das complicações da infecção, na diminuição da transmissão do vírus, na melhoria da qualidade de vida e na redução da mortalidade.
Prevenção
Os principais meios de prevenção contra as ISTs durante a atividade sexual são os preservativos e o gel lubrificante. Contudo, a estratégia de prevenção na rede pública abrange também outras alternativas, como a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP) e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP)
A PEP é uma medida de urgência que envolve o uso de medicamentos para diminuir o risco de contrair HIV e outras ISTs. Recomenda-se iniciar o tratamento o mais rápido possível, preferencialmente nas duas primeiras horas após a exposição e, no máximo, até 72 horas, seguindo a orientação médica por 28 dias para prevenir a infecção. “É importante atentar para o período de janela imunológica. Isto é, os casos de exposição sexual durante o carnaval devem ser orientados para a PEP, pois a testagem antes de 30 dias da situação de risco não irá detectar o contágio”, orienta a gerente da Gevist.
Por outro lado, a PrEP utiliza antirretrovirais (ARV) para reduzir o risco de adquirir a infecção pelo HIV. Ela integra as estratégias de prevenção combinada do vírus, que reúne ferramentas biomédicas, comportamentais e estruturais, como o uso de preservativos e lubrificantes, testagem regular e adesão à terapia antirretroviral (Tarv) para controlar a infecção.
Segundo a profissional, é fundamental que cada indivíduo escolha o método que seja adequado tanto para ele quanto para a sua parceria. “A estratégia de prevenção combinada traz esta mensagem: escolha, junto com quem se está, as medidas que se adéquam ao casal. Sabemos que o uso do preservativo ainda é a principal forma de prevenção não apenas para o HIV, mas também às outras ISTs.”
Onde buscar os serviços
Além de realizar testes rápidos e distribuir preservativos e gel lubrificante, a rede de 176 UBSs do DF serve como ponto de acesso primário para receber atendimento relacionado à PEP.
Deve-se procurar a unidade de referência, onde médicos, enfermeiros e farmacêuticos podem realizar avaliações e, se necessário, prescrever a PEP. A partir de fevereiro deste ano, a prescrição e o acompanhamento a pessoas elegíveis à PrEP também estarão disponíveis na Atenção Primária à Saúde (APS).
*Fonte: Secretaria de Saúde do DF